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Case Celta: Horus Aeronaves

Horus Aeronaves – eficiência no monitoramento agrícola

Grandes áreas de plantios agrícolas podem ser mapeadas com o auxílio de drones. Em 2014, três estudantes recém-formados em Engenharia Mecânica na UFSC tiveram esse insight e se inscreveram no programa Sinapse da Inovação, pelo qual foram contemplados para levar o projeto adiante: foi assim que nasceu a Horus Aeronaves, que logo se transformou em uma startup de sucesso. Pela expertise rapidamente conquistada, já recebeu aportes milionários de diversos programas nacionais de fomento e passou por acelerações para alavancar seus negócios. O principal setor de atuação da Horus é o agronegócio, no qual realiza o monitoramento e acompanhamento de safras, construções, georreferenciamento, mensuração de áreas, entre outros. Pioneira nesse tipo de serviço, a empresa oferece ferramentas para planejamento do voo do drone, acompanhamento e processamento dos dados captados pelas aeronaves não-tripuladas.

Drones são capazes de monitorar ferrovias, rodovias, linhas de transmissão e áreas que sejam difíceis de vistoriar por um humano, como grandes extensões de terra das plantações de cana de açúcar, milho e soja. De acordo com o Censo Agropecuário de 2017, feito pelo IBGE, mais de 45 mil propriedades rurais possuem mil hectares de extensão, e outras 2,4 mil fazendas têm 10 mil hectares. Monitorar essas áreas manualmente é praticamente inviável e pode resultar em informações falhas. “Satélites poderiam fazer isso de forma rápida, porém há o problema da formação de nuvens, o que impede boa visibilidade e captação de imagens com qualidade. Geralmente na época da safra há ocorrência de nebulosidade, e o produtor corre o risco de ficar até um mês sem a informação sobre o plantio. Como o drone voa abaixo das nuvens, é a melhor solução para esse problema”, diz o diretor de operações da Horus, Lucas Bastos, que também é um de seus sócios.

A empresa desenvolveu um software para extrair informações do campo e hoje tem como carro-chefe o que os empresários chamam de drone as a service. O sistema criado pela Horus é capaz de identificar e quantificar ataques de pragas, proliferação de ervas daninhas e outras anomalias no meio das plantações. “Além de adquirir a aeronave, o cliente recebe treinamento para manuseá-la e operar o software, de onde ele consegue extrair as imagens e informações a partir delas”, explica Bastos. Para os agricultores, isso representa uma grande economia no uso dos insumos agrícolas, que vão ser aplicados apenas em pequenas áreas onde eles são necessários. Outra vantagem na aquisição dos drones é a rápida detecção desses problemas, o que permite ação imediata e evita perdas na produção.

Como escolher um drone

O portfólio da Horus é composto por 5 modelos de drones, sendo quatro deles de asa fixa, indicados para grandes áreas, que possuem sensores multiespectrais para extrair diferentes índices das regiões de análises, e um multirotor, mais parecido com um helicóptero e que é adequado para sobrevoo em áreas menores e análises pontuais. Além das aeronaves, a empresa também desenvolveu uma plataforma para processar as imagens captadas e realizar análises agronômicas: a Mappa traz dados como topografia, linhas e falhas de plantio, contagem de plantas, ortomosaico e índices de vegetação.

Para a venda do produto, a empresa analisa a necessidade de cada cliente em relação ao tipo de processamento de imagem necessário. “Se o produtor tiver áreas com mais de mil hectares, nós recomendamos o drone de asa fixa, que consegue cobrir essa extensão em um dia ou menos. Já o multirotor tem capacidade de sobrevoar regiões de até cem hectares por dia e extrair a mesma quantidade de informações através da plataforma”, exemplifica o diretor de operações.

O papel da Horus é facilitar o acesso do produtor à tecnologia e identificar se a necessidade do cliente é pelo equipamento, pelo software ou por ambos. Para os casos em que são necessários drones mais complexos, é realizada uma capacitação de 2 a 3 dias, a fim de que o cliente domine a operação das aeronaves, processe as imagens na plataforma Mappa e entenda o que elas retratam para poder tomar decisões sobre a fazenda. “As fotos feitas pelo drone muitas vezes não fornecem dados suficientes, então é importante vincular o software ao hardware para obter informações mais precisas”, explica o sócio.

Crescimento rápido

O constante aprimoramento e busca por novos resultados geraram para a startup um know-how tanto na área de prestação de serviços com drones, quanto em desenvolvimento de algoritmos de inteligência artificial para o processamento automatizado das imagens. A Horus permaneceu quase 3 anos na incubadora CELTA – mantida pela Fundação CERTI e pela FAPESC – após receber apoio na 4ª operação do Sinapse da Inovação. “Nós começamos a desenvolver a empresa, o modelo de negócios, usando os recursos e as capacitações que o Sinapse e a CERTI nos proporcionaram. Nesse período inicial, a Horus se desenvolveu do ponto de vista de empreendimento, cresceu, ganhou corpo, aumentou o portfólio de produtos e aumentou a equipe, até que em 2017 fomos graduados”, declara o CEO da empresa e também sócio, Fabrício Hertz – o terceiro sócio da empresa, Lucas Mondadori, atua como diretor técnico.

Desde seu surgimento, a empresa já recebeu apoio de diversos programas de fomento, tendo sido contemplada pelo Inovativa Brasil e pelo programa Pontes para Inovação, da Embrapa, em 2018, além de ter recebido um aporte de R$ 3 milhões do Fundo de Inovação Paulista, em 2017. “Começamos a atuar captando investimentos em venture capital, para aumentar nossa capacidade de abrangência de mercado”, explica o CEO. A partir dessas acelerações e investimentos, a Horus ampliou mais seu portfólio de atuação e a equipe cresceu para cerca de 30 colaboradores nas duas sedes. Atualmente, a empresa possui um projeto em desenvolvimento com a BASF e a CERTI no contexto da EMBRAPII (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial).

Atualmente, a sede da Horus está localizada no Alfama, dentro do Parque Tecnológico Alfa, em Florianópolis, onde ficam a fábrica, o setor de desenvolvimento, administração e assistência técnica. Em 2017, a empresa inaugurou um escritório em Piracicaba, interior de São Paulo, que, segundo Fabrício Hertz, “é um braço avançado da Horus para que a empresa se aproxime de alguns mercados com potenciais clientes, e representa um polo atrativo ao desenvolvimento de negócios da empresa”. A filial conta com setores comercial e de assistência técnica, a fim de atender clientes espalhados pela região. Além de atuar em todo o Brasil, desde 2016 a Horus vem expandindo para o mercado latino-americano, e tem perspectivas de ampliar ainda mais essa região de influência.

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