Empresa incubada pelo CELTA acaba de anunciar parceria com a Cielo, umas das maiores especialistas em pagamentos eletrônicos no Brasil e na América Latina. Startup também prevê novas rodadas de investimento em 2021
A pandemia potencializou a procura por soluções tecnológicas que eliminam o toque do consumidor em máquinas nas compras em lojas físicas. Neste mercado desde 2019, o sistema de reconhecimento facial da Payface também foi atualizado para garantir que a biometria seja feita mesmo quando o usuário utiliza máscaras de proteção. O produto da empresa incubada no CELTA, em setembro de 2019, já garantia outras vantagens adicionais para atrair parcerias e novos negócios com grandes varejistas e empresas que controlam os cartões e meios de pagamento no Brasil: menos do tempo de espera nos caixas, diminuindo filas e aglomerações.
A ferramenta da startup faz a conexão por biometria facial do rosto de cada usuário com os mais diferentes meios de pagamento utilizados pelos varejistas de cartões de crédito, private labels (cartões de varejistas), wallets (carteiras virtuais), adquirentes, subadquirentes e gateways de pagamento.
Além de evitar o contato físico entre os consumidores e ajudar a eliminar fraudes, a tecnologia da startup catarinense permite redução de custos pelos varejistas e pelas empresas do sistema financeiro, agora também turbinadas pela terceira fase da implantação do sistema de open banking no Brasil. Com operações mais rápidas, redes de supermercado e farmácias podem reduzir o número de caixas em cada loja. O sistema também cria uma camada adicional de segurança ao Sistema de Pagamento Instantâneo (Pix).
Neste contexto de crescimento, a Payface anunciou uma parceria com a Cielo, umas das maiores especialistas em pagamentos eletrônicos no Brasil e na América Latina. O projeto vai atender a Drogaria Iguatemi, rede de farmácias e butiques de bem-estar, e será testado na loja localizada no Shopping JK Iguatemi, em São Paulo.
“Quando a gente fala em um supermercado, por exemplo, a produtividade é uma necessidade muito grande. Se demorar 25 segundos a mais para identificar uma pessoa e mais 10 segundos para fazer o pagamento de fato, e se essa rede tiver mil PDVs (pontos de venda), a redução do custo operacional utilizando o Payface pode ser de mais de R$ 5 milhões de reais por ano”, explica Eládio Isoppo, CEO da Payface.
Os parceiros da empresa representam atualmente 110 mil varejistas e 8 milhões de consumidores atendidos por bancos emissores. Os emissores são bancos e demais instituições financeiras que fornecem os cartões para os usuários de sua rede. “Desde o começo da pandemia tivemos uma procura 50 vezes maior pela solução. Esperamos em 2021 e 2022 um aumento percentual acima dessa procura mês a mês de pelo menos 10%”, projeta Isoppo.
Segundo um estudo da Juniper Research de dezembro de 2019, o mercado de biometria será utilizado em mais de US$ 2,5 trilhões em pagamentos móveis até 2024 no mundo. O montante representa um aumento de quase 1.000% em relação às transações realizadas até o final de 2019. De acordo com o CEO da Payface, atualmente o reconhecimento facial no mercado varejista do Brasil ainda tem números irrelevantes sobre o total de transações. “Mas a curva que a gente espera é que, em 2025, 20% das transações eletrônicas entre varejistas de grande porte, como redes de supermercados, farmácias e lojistas que são emissores de cartão, já sejam feitas por essa biometria”, avalia.
O potencial do negócio vai permitir que a empresa tenha novos investimentos para aumentar a capacidade de atender grandes empresas do setor. Em junho de 2020, a empresa recebeu um aporte de R$ 3 milhões em investimentos de companhias como a TI BRQ Digital Solutions, o fundo Next A&M da consultoria Alvarez & Marsal, a aceleradora Darwin Startups, grupos de investidores apoiados pela Harvard Angels e Nikkey Empreendedores do Brasil (NEB) e individuais, como Conrado Engel, ex-presidente do HSBC no Brasil. “Já captamos R$ 3 milhões e agora estamos com uma captação que atinge alguns múltiplos deste valor praticamente concretizada”, anuncia o empreendedor.
Isoppo também foi empreendedor de outra empresa graduada pelo CELTA, a H2App. A startup criou o maior marketplace mobile de galões de água mineral e gás de cozinha do Brasil. Retornar à incubadora foi então um caminho de volta às origens. E, por isso, o CELTA foi escolhido por sua nova empresa quando pensou em criar um escritório em Florianópolis. A parceria rendeu a inclusão da Payface no programa Tecnova II, que destinou investimentos de R$ 7,5 milhões para 28 empresas do setor como incentivo ao desenvolvimento de projetos inovadores por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação de Santa Catarina (Fapesc) em parceria com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
“O CELTA conecta a empresa com as subvenções econômicas, grandes empresas e indústrias que têm essa questão de incentivo governamental e querem trabalhar junto com negócios de base tecnológica. O CELTA tem sido um canal que muitas vezes é fundamental. Se você quer buscar um projeto que use os incentivos da lei de informática, tem que fazer parte de um ecossistema como o do CELTA”, afirma o CEO da Payface.