Um parque tecnológico é um ambiente onde estão instaladas diversas empresas de segmentos diferentes, mas que têm a tecnologia como ponto focal de seus negócios.
O que difere um parque tecnológico de um distrito industrial é uma gestão voltada à inovação, que estabelece estratégias para integração entre as empresas, com as instituições de ensino e pesquisa, além de serviços especializados para apoiar a competitividade e inovação das residentes neste ambiente.
Há uma série de etapas para que uma boa ideia supere os desafios inerentes à inovação tecnológica e se concretize em um negócio, com um produto disponível no mercado.
Após atingir um número considerável de clientes, a startup fica grande demais para passar por uma incubadora e precisa dar um passo a mais. Essa é hora de migrar para um parque tecnológico.
Mas, o que define um parque tecnológico, como esses espaços são idealizados, qual é a sua importância para o contexto das empresas de tecnologia e quais os impactos que eles causam nas comunidades em que estão inseridos? É isso que explicaremos em detalhes neste post. Acompanhe!
O que é um parque tecnológico e quais são seus objetivos?
Os parques tecnológicos se baseiam em uma relação de sinergia entre três agentes principais: a indústria, as universidades e o poder público. Nesse sentido, a participação das instituições de ensino e pesquisa é fundamental para a transferência de conhecimento para a iniciativa privada, o que permite o surgimento de novas tecnologias, refletindo em melhorias para a sociedade.
Em Florianópolis, o principal deles é o ParqTec Alfa, uma das iniciativas pioneiras no País, localizado às margens da SC-401 e que abriga mais de 60 empresas. Entre elas, por exemplo, está a incubadora Celta, responsável por desenvolver startups e torná-las auto suficientes para seguirem no mercado.
Outro importante parque tecnológico é o Sapiens Parque, uma importante iniciativa que se propõe a criar infraestrutura necessária para favorecer a convergência de conhecimentos, ideias e projetos para impulsionar o desenvolvimento econômico, social, tecnológico e ambiental de Florianópolis.
Agora que sabemos o que é um parque tecnológico, vamos conhecer seus principais objetivos. São eles:
1. Integração entre as empresas da região
Pode parecer apenas um detalhe, mas estar em um mesmo ambiente certamente ajuda as empresas a se desenvolverem e fecharem contratos em comum, criando projetos conjuntos e parcerias estratégicas. Quando estão distantes, fica mais difícil identificar oportunidades, trocar informações e pensar em conjunto.
A integração entre as empresas, mesmo que sejam de segmentos completamente diferentes, ajuda a criar um ambiente de inovação muito mais rico.
2. Reconhecimento da população e do mercado
Um local onde estão instaladas diversas empresas chama a atenção do mercado e da população. Ter a empresa inserida nesse contexto ajuda no seu reconhecimento, uma vez que o principal objetivo de qualquer negócio é ser visto e lembrado por potenciais clientes. Nesse sentido, um parque tecnológico é capaz de criar uma rede de indicações de clientes e harmonizar as relações entre as empresas.
3. Ambiente propício para a criação de novas ideias
Locais como um parque tecnológico são perfeitos para promover eventos, palestras, atividades junto às universidades etc. Isso propicia a criação de novas ideias, porque aumenta as oportunidades de inovação. Quando há colaboração, uma ideia inicial pode rapidamente se tornar sólida e, quem sabe, pivotar um novo modelo de negócios.
Como criar um parque tecnológico?
Saber o que é um parque tecnológico e conhecer seus objetivos é importante, mas como eles são criados? Para criar um parque tecnológico, é preciso ter conhecimento profundo sobre o ecossistema de inovação da cidade e planejá-lo de forma que ele, de fato, funcione para os fins que foram apontados.
E é nesse ponto que a Certi atua: o objetivo da fundação é estudar e entender as empresas existentes, identificar potenciais e, só então, fazer a proposta de criação do parque tecnológico.
Leia mais: Desenvolvimento tecnológico: 3 ecossistemas inovadores que a CERTI já ajudou a construir
Essa iniciativa pode vir, principalmente, de três grupos:
1. As próprias empresas
O parque tecnológico pode ser elaborado a partir de uma demanda das próprias empresas e da sua necessidade de ter um ambiente para integração e inovação. Nesse caso, é preciso que elas estejam minimamente organizadas, com objetivos em comum, e entendam a importância do local.
2. Os governos
Para os governos, a vantagem de ter um parque tecnológico é tanto social quanto financeira. Ter na cidade um local que promova a inovação é, com certeza, um diferencial que eleva a administração pública a outro nível.
Do ponto de vista financeiro, quanto mais empresas sendo criadas, crescendo e dando lucro, melhor para a arrecadação de impostos, geração de empregos e para a reputação da cidade.
Vale destacar que o surgimento de novos parques tecnológicos não depende, necessariamente, da quantidade de outros ambientes que existem na mesma região, mas do aproveitamento de vantagens competitivas oferecidas e da necessidade de desenvolvimento de determinada região.
Nesse sentido, o poder público pode incluir o fomento a novos parques como forma de atuação estratégica, coordenando os esforços de diferentes setores em prol do desenvolvimento da comunidade.
3. Investidores Privados
Grandes empresas do segmento da Construção Civil entendem o parque tecnológico como um investimento imobiliário diferenciado, gerando valor para seus projetos e sendo um valioso instrumento de desenvolvimento econômico da região.
A realidade dos parques tecnológicos no Brasil
Em setembro de 2019, o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) divulgou o estudo Indicadores de Parques Tecnológicos, um levantamento completo com dados coletados entre 2017 e 2018 sobre a realidade brasileira.
O estudo mostra a clara evolução do segmento de parques tecnológicos no Brasil, passando de apenas 10 no ano 2000 para mais de 100 em 2017. O levantamento do MCTIC aponta ainda uma concentração dos parques tecnológicos nas regiões Sul e Sudeste do País, embora eles estejam presentes em todas as regiões brasileiras – um importante indicativo de avanços no setor.
Impactos na sociedade e na economia
Outro ponto importante mostrado são os impactos dos parques tecnológicos brasileiros nas regiões em que estão instalados, sobretudo no que diz respeito:
- ao desenvolvimento econômico regional,
- à geração de novas patentes, e
- à abertura de novas empresas e vagas de trabalho, tanto para recém-graduados quanto para profissionais qualificados.
E é neste último aspecto que os parques tecnológicos mais chamam a atenção. De acordo com o estudo, enquanto a taxa de desemprego no Brasil subiu de 7,1% em 2013 para 12,7% em 2017, o número de pessoas empregadas pelas empresas instaladas nos parques subiu 6,6%.
Para se ter uma ideia do potencial que os parques tecnológicos têm para o desenvolvimento econômico e social da região em que estão instalados, as mais de 2000 empresas de tecnologia presentes no Vale do Silício, o mais famoso parque tecnológico do mundo, contratam, em média, mais de 30 funcionários por dia.
Existem outros benefícios menos tangíveis e que merecem igual destaque. Entre eles, o aumento da competitividade regional e a atração e retenção de profissionais qualificados.
Áreas de atuação
Como dissemos, os parques tecnológicos são empreendimentos voltados para a promoção da inovação e da pesquisa na área tecnológica. Nesse sentido, é interessante notar que os setores mais explorados pelas empresas são:
- Tecnologia de Informação (TI), presentes em 64% dos parques;
- Energia, presente em 48% dos parques, e
- Biotecnologia, presente em 46%.
Desafios
O estudo do MCTIC elencou os principais desafios dos parques tecnológicos brasileiros para o futuro. São eles:
- Conjuntura macroeconômica do país;
- Dependência de investimentos públicos para viabilização do parque em si, sobretudo no que diz respeito à disponibilização de infraestrutura (asfaltamento, energia elétrica, internet, telefonia e saneamento básico);
- Maior aproximação entre comunidade científica e mercado;
- Mais iniciativas de incentivo à cultura de inovação, pesquisa e desenvolvimento nas empresas locais;
- Medidas de atração e integração de empresas;
- Necessidade de recursos financeiros para contratação e manutenção de profissionais;
- Necessidade de recursos financeiros para finalização, expansão ou manutenção da infraestrutura.
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Post publicado originalmente em 31/08/2017 e atualizado em 21/05/2020.