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CERTI Convida estreia nova temporada com episódio sobre rastreabilidade e bioeconomia na Amazônia

previsibilidade de safras

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A segunda temporada do podcast CERTI Convida começou com um tema urgente para a bioeconomia amazônica: como gerar previsibilidade de safra e confiança nos dados que conectam floresta e indústria. Participaram do episódio Ian Bassalo, Coordenador de Suprimentos e Relacionamento com Comunidades, e Daniel Penz, Coordenador de Projetos em Bioeconomia na Fundação CERTI.

A conversa foi conduzida por Guilherme Rodrigues, da CERTI, e abordou os desafios de operar em territórios remotos, onde ainda há baixa digitalização e dificuldades para mapear o ciclo produtivo das espécies florestais.

O desafio de prever safras na Amazônia 

Logo no início, Daniel contextualiza a dificuldade de prever uma safra na Amazônia. Ele explica que o território interfere diretamente no comportamento das espécies e que isso precisa ser considerado no planejamento industrial. “Quando esse produto está no Amapá, é de um jeito. Se estiver em Rondônia, é de outro. Se estiver em Mato Grosso, é de outro”, comentou.

Na sequência, Ian compartilha como a Natura tem lidado com esses desafios no dia a dia, especialmente na relação com as comunidades extrativistas. “A Natura traz essa identidade de atuar junto às comunidades, valorizando aquilo que é da região”, explicou. 

Ele também descreve o movimento interno que ampliou a estrutura dedicada às cadeias da sociobiodiversidade. “A empresa estruturou um time dedicado para apoiar essa relação e organizar as cadeias”, completou.

Um dos pontos altos da conversa é quando Daniel destaca que os dados captados na floresta têm potencial para influenciar decisões industriais. Ele explica que entender o ritmo da floresta molda o planejamento de produção, logística e compras. “O que acontece na ponta define o modelo de produção. A informação que sai da comunidade muda a forma de escalar compras e organizar a cadeia”, explicou.

Vem de Onde: iniciativa em parceria com Natura

Durante o episódio, os convidados comentam também sobre o sistema “Vem de Onde?”, desenvolvido pela CERTI em parceria com a Natura. A solução permite rastrear os produtos desde a coleta até a indústria, oferecendo um histórico auditável e apoiando a gestão de cooperativas extrativistas. 

Para Ian, a ferramenta ajuda a fortalecer a relação com as comunidades e a organizar as entregas. “O nosso time atua como um braço da cooperativa, imerso nas demandas de gestão e na rotina de trabalho”, explicou.

O episódio também revela os obstáculos logísticos da atuação em campo. Daniel compartilha que o deslocamento até as comunidades exige preparo físico, tempo e adaptação ao ambiente. “Você caminha, entra num igarapé, mergulha até o pescoço, volta para o barranco e entra em outro igarapé”, descreveu. Ele reforça que percorrer esses trajetos ajuda a entender o ritmo real da cadeia e os limites da operação.

Além da infraestrutura, há um desafio de confiança e diálogo com os povos da floresta. Ian comenta que a relação precisa ser construída com escuta e parceria. “A gente conversa, escuta, testa junto”, comentou. Segundo ele, processos de rastreabilidade só funcionam quando acompanhados por presença contínua e alinhamento com as prioridades das comunidades.

Vivenciando a rotina das comunidades

A experiência da expedição ao Rio Jari, vivida por Ian e Daniel, também é lembrada no episódio. Eles relatam como estar presencialmente no território possibilita compreender a dinâmica produtiva e o que determina os ciclos das espécies. 

Daniel descreve a vivência de deslocamento entre comunidades: “Você caminha, entra num igarapé, mergulha até o pescoço, volta para o barranco e entra em outro igarapé”, contou. Ian complementa destacando o papel do conhecimento local. “Os períodos ideais e os comportamentos das espécies são apontados pelas próprias comunidades”, explicou.

A conversa termina com reflexões sobre o futuro. Ian acredita que modelos preditivos podem apoiar a expansão das cadeias da sociobiodiversidade. “Um sistema que possibilite projeções de produção será importante para ampliar as cadeias da sociobiodiversidade”, afirmou. 

Já Daniel reforça que a previsibilidade depende do entendimento do território e da troca com quem vive dele. “O trabalho da comunidade orienta nossas decisões e organiza o fluxo da produção”, comentou.

🎧 Ouça agora o episódio completo aqui e acompanhe os próximos lançamentos do CERTI Convida. Uma temporada inteira dedicada à inovação, sustentabilidade e à força das conexões que transformam o Brasil!

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