Muito se fala sobre o desenvolvimento de tecnologias para veículos elétricos. De fato, eles têm se mostrado uma boa alternativa quando o assunto é diminuição da emissão de gases nocivos ao meio ambiente, ao mesmo tempo que são mais silenciosos, exigem menos manutenção e possuem um custo de rodagem até cinco vezes menor que veículos comuns.
Embora vários modelos já tenham caído no gosto dos consumidores e sejam fortemente subsidiados em países como Estados Unidos, Japão, China e na maioria dos países da Europa, ainda faltam alguns detalhes e estudos para que a tecnologia se popularize e seja a preferida no restante do mundo. É por isso que muitas empresas privadas e instituições focam seus estudos no assunto.
Neste post, veja como está o mercado de veículos elétricos no Brasil, quais são as três tecnologias foco de estudos pela Certi e as novidades para o setor. Acompanhe!
Crescimento de VE no Brasil
Aos poucos, os veículos elétricos vêm conquistando as preferências de consumo do brasileiro. E, de acordo com pesquisa do Instituto Ipsos, esse movimento acontece por dois motivos: a preocupação com o meio ambiente e o alto preço dos combustíveis. Para se ter uma ideia, 80% dos entrevistados que possuem um VE afirmaram que compraram um veículo híbrido ou elétrico em função da economia de combustível.
Não é à toa, portanto, que o segmento registrou os melhores resultados da série histórica. Segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), as vendas do primeiro semestre de 2020 tiveram aumento de 221% em relação ao mesmo período do ano anterior. Ao todo, no País, são mais de 30 mil unidades eletrificadas em circulação.
Esse movimento é o oposto ao registrado pela indústria automobilística tradicional, que, durante os primeiros seis meses do ano, registrou queda de mais de 38% nas vendas, impactada, sobretudo, pela pandemia.
E na esteira de outros países do mundo, em especial os europeus, o mercado de veículos elétricos no Brasil deve continuar em alta. A Empresa de Pesquisa Energética (EPE), do Ministério das Minas e Energia (MME), projeta que até 2030 as vendas cheguem a 180 mil unidades por ano. Ou seja, em menos de 10 anos devemos ter uma frota de 1 milhão de veículos elétricos e híbridos circulando pelo país.
Tecnologias para veículos elétricos: 3 vertentes de estudos
A ideia de utilizar veículos movidos a energia elétrica não é nova, mas ganhou força em meados dos anos 2000, quando acentuou-se a necessidade de buscar alternativas para a emissão nociva de gases do Efeito Estufa.
O alto custo e a pouca autonomia sempre foram apontados como as principais barreiras para o avanço da tecnologia, porém, com o aprofundamento dos estudos, há uma mudança nessa visão. Desenvolver tecnologias para veículos elétricos é uma necessidade e uma vontade real de diversos empresários. A Certi concentra suas pesquisas principalmente em três vertentes:
Infraestrutura de recarga
O funcionamento de um veículo elétrico não é mais um mistério. Basicamente, o motor funciona alimentado pela energia vinda de uma bateria e pode ser carregado, inclusive, em tomadas comuns, como ocorre com aparelhos celulares.
O problema está na massa e no espaço necessários para que as baterias tenham a mesma autonomia de um carro comum, e também no custo atual da tecnologia, de modo que a autonomia do veículo fica reduzida, em comparação com um carro a combustão, para aumento da competitividade comercial e viabilização técnica do veículo.
Em uma realidade em que o motorista vai e volta do trabalho e o veículo pode passar a noite toda carregando, isso não chega a ser um problema. Mas se pensarmos em uma viagem mais longa, seria necessária uma estrutura de postos adaptados ao carregamento de veículos elétricos e uma boa dose de paciência para realizar essas paradas.
Para transpor essas barreiras, as pesquisas em torno do desenvolvimento de veículos elétricos têm avançado no sentido de diminuir o tempo de recarga e aumentar o número de pontos de recarga, além de criar formas de controlar a demanda de energia da rede concessionária.
Pontos de recarga e carregamento rápido
Nesse sentido, embora represente apenas 0,05% da frota nacional, a preocupação com o fornecimento de uma infraestrutura adequada para atender os veículos elétricos vem crescendo no Brasil, especialmente em grandes cidades como São Paulo e Rio de Janeiro.
Grandes fabricantes, como Volvo, BMW, Volkswagen e Audi, têm investido na criação de postos de recarga em rodovias e cidades brasileiras. Para maior comodidade dos motoristas e para aumentar o apelo dos VE, essa expansão vem acompanhada de tecnologias que possibilitam o carregamento mais rápido das baterias. Atualmente, existem carregadores que permitem a reposição de 80% da bateria em até 40 minutos.
E esse movimento é de fundamental importância para aquecer o mercado e tornar os veículos elétricos mais atrativos para o consumidor. Segundo o mesmo estudo do Instituto Ipsos que já citamos, o brasileiro quer carros elétricos que sejam carregados em até 30 minutos.
Assim, à medida em que haja mais subsídios e a demanda aumente, haverá também maior necessidade para a instalação de pontos de recarga. Até esse ponto, os estudos já devem estar maduros o suficiente para fazer deste um grande negócio.
Por isso, o empresário deve enxergar a infraestrutura de recarga como um foco de atenção para investimentos relacionados à tecnologias para veículos elétricos. Há oportunidades latentes tanto para quem deseja pesquisar formas mais eficientes de viabilizar infraestrutura quanto na instalação de postos para carregamento.
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Controle de demanda da rede concessionária
Outro grande desafio de infraestrutura é a demanda de energia dos veículos elétricos. Há a preocupação por parte das concessionárias de energia de que ela supere a capacidade física da infraestrutura de distribuição, como fios, transformadores, etc. Se a demanda for muito elevada e houver sobrecarga da rede, podem ocorrer problemas como quedas de energia, deixando a região sem luz.
O Smart Charging é um conceito que vem sendo estudado para contornar esse desafio. Trata-se de uma série de estratégias de recarga para “dividir” a energia entre muitos VEs de forma que não ultrapasse o limite de demanda e a capacidade física dos componentes da rede de distribuição. Além disso, pode-se criar artifícios para evitar que muitos motoristas carreguem seus carros ao mesmo tempo, como formas diferenciadas de tarifação de energia em horários diferentes do dia, entre outras.
Sendo assim, quando temos projetos para instalação de estações de recarga e aumento da quantidade de estações, não há apenas o interesse na expansão da rede, mas também estudar e compreender como esse fenômeno da recarga veicular deve se desenrolar, e criar novas técnicas para o gerenciamento dessa demanda. Com isso, ajudamos as concessionárias a despender menos recursos para obras de reforço da rede elétrica.
Fontes de geração e distribuição de energia
Outra demanda que deve surgir a partir do momento que a frota de veículos elétricos aumente é a por fontes alternativas de geração de energia e tecnologias que evitem que o carregamento dos veículos impacte de forma negativa o sistema elétrico.
A maior parte da energia elétrica produzida no Brasil vem de hidrelétricas. Como presenciamos em crises hídricas recentes, contar apenas com essa fonte pode ser arriscado. Portanto, buscar alternativas complementares para a geração também é foco de estudos.
A energia fotovoltaica é um exemplo de como os consumidores podem se tornar independentes nesse aspecto, reduzindo os impactos na rede de energia e também no seu próprio bolso. No entanto, há considerações que devem ser feitas também nesse sentido. Apesar de já bastante consolidada, a energia fotovoltaica ainda é um tipo de fonte intermitente.
A manutenção de toda a energia consumida pelo veículo somente com energia advinda de placas fotovoltaicas vai depender da radiação solar do local e da eficiência dos painéis, além da própria autonomia do automóvel. Confira abaixo uma tabela elaborada pela publicação Revista News sobre a quantidade de painéis solares necessários para carregar um veículo elétrico:
Como ainda não é uma tecnologia ao acesso de todos, o obstáculo das fontes de geração de energia pode ser contornado com modelos híbridos, no qual várias fontes são utilizadas e poderão fornecer energia de acordo com a disponibilidade e demanda.
Dessa forma, estudos voltados à organização da distribuição dessa energia também estão em voga. Encontrar maneiras eficientes de captar energia de diversas fontes e distribuí-las é um desafio para as empresas e distribuidoras. O desenvolvimento de tecnologias para veículos elétricos, portanto, depende diretamente disso.
Regulamentação e novos negócios
Por se tratar de uma área totalmente nova, a regulação do mercado que gira em torno das tecnologias para veículos elétricos também precisa evoluir. Só assim será viável criar negócios relacionados ao abastecimento de veículos, infraestrutura de recarga etc.
Muitas vezes os novos negócios surgem antes mesmo de haver regulamentação para tal. Os órgãos responsáveis precisam entender, assimilar e aprovar leis e, portanto, é necessário que haja conhecimento pleno sobre o contexto para que elas contribuam tanto para a sociedade quanto para o desenvolvimento dos novos negócios.
Em 2018, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) aprovou a Resolução Normativa nº 819/2018, que se trata da primeira regulamentação sobre a recarga de veículos elétricos para pessoas e empresas interessadas na prestação desse serviço.
Na esteira nessa regulamentação, a cidade de São Paulo aprovou, no começo de 2020, a Lei n° 17.336, que estipula que todas as novas edificações construídas na cidade devem prever soluções para a recarga de veículos elétricos. A medida passa a valer em 2021.
A Certi trabalha na proposição de formas inovadoras de exploração do mercado de recargas, interagindo com os órgãos reguladores e setoriais, bem como com associações relacionadas ao tema para que novos negócios possam ser construídos no país.
Pesquisando ao redor do mundo, vemos que a cobrança por recargas não se dará como em um posto de combustível, mas sim com formas diferenciadas. Modelos de assinatura, créditos de energia, cobrança por tempo de recarga são alguns exemplos. Tudo isso aliado a sistemas em nuvem, que monitoram as recargas e já cobram direto do cliente, em uma conta com créditos de energia ou no próprio cartão de crédito.
Novas tecnologias para veículos elétricos
Como vimos, o desenvolvimento de novas tecnologias para veículos elétricos é fundamental para a expansão da frota no Brasil, tornando os produtos mais atraentes para o consumidor. Além de carregadores rápidos e ultrarrápidos, como aqueles que citamos anteriormente, o mercado já trabalha em novas soluções que prometem trazer mais praticidade para os proprietários e resolver alguns dos principais gargalos relacionados a esse tipo de veículo.
Seguindo o exemplo dos smartphones, a BMW desenvolveu o primeiro carregador wireless para carros elétricos, disponível nos Estados Unidos e no Canadá. Ligado a uma fonte de energia de 200 volts, basta colocar o painel no chão e estacionar o carro sobre ele. Em cerca de quatro horas, a bateria estará completamente recarregada. E não é só isso: todo o processo pode ser acompanhado por um aplicativo.
Outra alternativa é a instalação de painéis solares sobre os veículos. Montadoras como Hyundai e Kia já planejam lançamentos de placas fotovoltaicas acopladas no capô ou no teto dos automóveis, permitindo que a bateria seja recarregada a todo instante, sempre que haja sol. Estima-se que os painéis conseguem carregar até 60% da bateria em um dia com bastante sol.
Enquanto isso, empresas correm para desenvolver baterias que promovam uma maior autonomia para os veículos elétricos, muitas com financiamento direto das grandes montadoras, que já entenderam a irreversibilidade do caminho rumo à eletromobilidade nos próximos anos.A Certi atua em parceria com diferentes agentes do mercado para o desenvolvimento de tecnologias e regulamentações que atendam às demandas que dizem respeito a veículos elétricos. Quer participar dessa revolução? Entre em contato conosco!
Publicado originalmente em: 13/02/2017. Última atualização: 20/10/2020.