A CERTI realizou nos dias 26 e 27 de março o primeiro curso executivo do programa Invent, com foco em grandes empresas para incentivar sua interação com startups ou ICTIs. Foram dois dias de imersão em que CEOs, CIOs e responsáveis por projetos de inovação de 19 empresas tiveram contato com o ecossistema de Florianópolis, ouviram sobre diferentes formas de fazer Inovação Corporativa e foram incentivados a pensar sobre Inovação Aberta. Participaram desse módulo empresas como Seara, EMBRAER, Marisol, Castrolanda, Arcelor Mittal e o STF (Supremo Tribunal Federal), o que demonstra o interesse de diferentes setores na busca pela inovação.
O objetivo do Invent é fazer com que as grandes empresas interajam com o ecossistema de inovação de Florianópolis de forma estruturada, saindo da capacitação com a compreensão de que não há apenas uma maneira de criar soluções, e sim um conjunto delas. A organizadora do curso, Eliza Coral, conta que a principal dificuldade relatada pelas empresas presentes é fazer com que a inovação seja apoiada dentro das organizações. “Os diretores entendem que a inovação é importante, mas é necessário haver uma liderança interna que puxe esse movimento para a interação com startups e para open innovation e corporate venture. O outro desafio é a burocracia, os processos rígidos das grandes empresas”, avalia.
Os participantes puderam entender fórmulas de inovar e pensar sobre inovação aberta e corporativa, uso de fontes de financiamento públicas e privadas para viabilizar projetos, além de compreender aspectos jurídicos e parcerias com aceleradoras. Palestrantes como João Bernartt, da Chaordic, mostraram cases de Inovação Aberta e aquisições bem-sucedidas já existentes em Santa Catarina – como o próprio caso da Linx e da Chaordic. “O desenvolvimento da tecnologia dentro da Linx é muito diferente da maneira como a Chaordic desenvolve, então eles quiseram entender mais isso”, explicou João na capacitação do Invent. Após a aquisição da Chaordic, houve um esforço das duas empresas para criar um sistema de gestão de dados chamado Data Lake, que custaria muito dinheiro para a Linx se a Chaordic não estivesse lá dentro. Além da aquisição por conta do produto, os gestores da Linx não imaginavam que a startup poderia contribuir com outras coisas, como proximidade com o cliente, aumento da competitividade da empresa e felicidade dos colaboradores.
Impressões
A representante da Marisol, Gisele Bessa, destacou que o curso do Invent trouxe diversas reflexões, e a principal delas é que as grandes empresas devem estar atentas a sinais de disruptura em seus setores de atuação, geralmente já apontadas por startups ao redor: “não é porque uma fórmula garantiu os resultados de uma empresa por 50 ou 100 anos que vai continuar garantindo por mais tempo. É preciso que a empresa fique atenta às demandas, às mudanças do mercado no segmento em que ela atua. Ela precisa se adaptar”.
Para Mario Lott Guimarães Filho, da EMBRAER, chamou a atenção a palestra de Marcos Mueller, da aceleradora Darwin, que relatou que ao buscar uma startup para investir, procura nelas brilho nos olhos e vontade de fazer: “é exatamente o que buscamos nos nossos funcionários e nas empresas que vêm trabalhar com a EMBRAER, o que mostra que estamos todos alinhados. Inovação Corporativa é algo que a EMBRAER já realiza. Como nós estamos presentes em várias cidades, nada melhor do que buscar a inovação onde a gente está. Nós viemos aqui para conhecer melhor o ecossistema onde estamos inseridos e entender se existe alguma possibilidade de trabalhar junto com as startups, com as empresas de Santa Catarina e até com a própria CERTI”, disse.
Ao final do primeiro dia do Invent, as grandes empresas foram convidados para um pitch ao contrário: ao invés de as startups apresentarem suas soluções, os representantes das grandes empresas apresentaram suas demandas, desafios e dúvidas sobre inovação, e depois puderam interagir com as startups de seus setores em um happy hour.
O Invent é um programa criado pela CERTI que foi lançado nesta primeira edição da capacitação. O curso executivo é uma das vertentes do programa (chamada de Academia) e utiliza ferramentas de outras duas linhas de operação: a Vivência, voltada para o desenvolvimento de soluções e oportunidades, e o Ecossistema, para incentivar a interação entre as grandes e médias empresas e as startups ou ICTIs. A Academia Invent deve ter quatro módulos de imersão no ecossistema, e está prevista uma nova turma para o segundo semestre. Organizado pela CERTI, o programa tem como parceiras a ACATE e a FIESC.