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Como a crise acelerou o processo de modernização industrial

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Impressão 3D, robótica colaborativa, indústria 4.0, plataforma open source para convergência entre sistemas de automação e de TI. Em função das consequências geradas pela pandemia, a implementação dessas tecnologias na indústria e a adequação das estruturas, previstas para os próximos anos, teve de ser acelerada em questão de meses para conciliar as atividades econômicas e os cuidados para evitar a disseminação do vírus.

A Fundação CERTI desenvolveu em menos de três semanas uma linha de montagem automatizada, software de automação de testes com reconhecimento do paciente via QR code, e ainda inteligência logística para coleta de amostras biológicas para a BiomeHub, startup que realiza testes do tipo RT-PCR para a detecção de coronavírus dentro da Iniciativa Covid-19.

Vantagens da indústria 4.0

O projeto para realização de testes em massa e com baixo custo de aplicação, em grupos de até 16 pessoas, com aplicação dos testes em até 3 minutos por paciente, envolve também a FIESC (Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina) e o SESI como parceiros.  

Um dos benefícios dos processos de Indústria 4.0 é tornar produtos mais acessíveis ao público, como no caso dos testes produzidos pela BiomeHub. O kit de testes do tipo RT-PCR, por exemplo, tem um custo médio entre 20 e 25% menor do que o praticado atualmente no mercado – cerca de R$ 180,00 por teste.

Com a automação e conceitos de manufatura avançada e indústria 4.0, foi possível processar mais amostras e fabricar mais kits de coleta em um mesmo espaço de tempo:  a capacidade de produção é de 1500 unidades por hora.

“Além de proporcionar uma rápida adaptação e início da operação de testagem em massa em Santa Catarina, todas essas mudanças também garantem que os processos de fabricação e de testagem em laboratório sejam eficientes e estejam dentro dos parâmetros de qualidade”, diz Erich Muschellack, superintendente geral da CERTI. 

Outra vantagem da Indústria 4.0 é a manufatura aditiva, ou seja, a possibilidade de fabricação rápida de itens, como peças de equipamentos, dispositivos e ferramentas para robôs. A indústria 4.0 pode até mesmo suprir as dificuldades em se encontrar fornecedores de matéria-prima.

De acordo com uma pesquisa da CNI (Confederação Nacional da Indústria) realizada nos últimos meses, com 734 indústrias, a crise desencadeada pela pandemia reduziu ou paralisou 76% do setor, sendo grande parte desse percentual devido à dificuldade de importar itens para a fabricação dos produtos.

Linha de montagem eficiente

O desenvolvimento de linhas de montagem automatizadas com critérios específicos, uso de garras robóticas e dispositivos auxiliares com baixo custo ferramental, além de integração com o sistema de controle do chão de fábrica já são possibilidades para a indústria brasileira.

Essa modernização traz ganhos como eficiência na produção, redução do consumo de energia e minimiza a necessidade de manutenção do maquinário. A ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial) estima que a adoção da Indústria 4.0 proporcionará uma economia de R$ 73 bilhões por ano ao setor. 

Para reconfigurar a linha de montagem, a CERTI analisa a viabilidade considerando maior vazão e menor custo do processo produtivo. “Recorremos a  um ambiente de simulação 3D que possibilita avaliar recursos de automação, arranjos e layouts enxutos e otimizados, que permitam melhorias contínuas”, explica o superintendente. 

O uso de impressoras 3D também auxilia no rápido desenvolvimento e teste de ferramentais, a fim de garantir a robustez técnica, baixo custo, melhorias nos fatores ergonômicos em postos de trabalho manual, qualidade e repetibilidade. Já o design de um processo híbrido de automação fica por conta de robôs colaborativos, os quais executam as tarefas repetitivas que exigem precisão e qualidade, enquanto as atividades complementares são atribuídas ao ser humano.

Para o projeto da Iniciativa Covid-19, que começou em abril, a CERTI atuou também na logística, oferecendo solução para o armazenamento e o transporte das amostras, de forma segura, e no desenvolvimento de uma plataforma de interação entre usuários, profissionais coletores e as empresas. Com um banco de dados para facilitar a comunicação e a rastreabilidade das pessoas que realizam os testes, o software integra as informações com as organizações públicas responsáveis pelo acompanhamento e controle epidemiológico.

“Essa tecnologia é certificada de acordo com os principais padrões de privacidade e segurança em conformidade com ISO e SOC. A geração dessa base de dados respeita os preceitos da LGPD e permite aplicação de técnicas de Data Science para acompanhamento e evolução de histórico dos testados, permitindo realizar estudos endêmicos e antecipar tendências de contaminação ou controle da pandemia”, comenta Jefferson Melo, coordenador do projeto na CERTI. 

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