O ano é 2024, o local: maternidade Carmela Dutra, considerada um centro de referência mundial na aérea de saúde neonatal. O personagem: a pequena Catarina, que nasceu há 5 anos e foi escolhida como símbolo da nova fase de desenvolvimento que Santa Catarina passou a experimentar a partir de 2019. O motivo do encontro: celebrar 5 anos do início de um processo verdadeiramente integrado, harmônico e sinérgico de desenvolvimento do Estado, baseado na cooperação e na confiança mútua, reunindo trabalhadores, empresários, professores, lideranças de entidades, sociedade civil e membros de governo dos três poderes. Há cinco anos, aquele mesmo grupo celebrou um pacto de confiança e de atuação focado numa causa comum: transformar Santa Catarina num Estado realmente referência para o Brasil, promovendo um salto quântico num conjunto de indicadores considerados fundamentais para se avaliar o nível o desenvolvimento e prosperidade de uma região ou comunidade.
Há cinco anos, o grupo tinha estabelecido que Santa Catarina deveria se transformar numa espécie de Califórnia do Brasil, ou seja, um Estado que se destacasse no âmbito do País por apresentar indicadores de destaque em qualidade de vida e competitividade. A Califórnia, que conta como seu famoso Vale do Silício, também possui cidades extremamente fortes com polos tecnológicos e empresariais distintos e sustentáveis tais como Los Angeles, na área financeira, cinema e economia criativa, San Diego com defesa e saúde, Sacramento e seus serviços públicos, Napa Valley com seus famosos vinhedos, além de inúmeras cidades e regiões turísticas, industriais e de agronegócios.
Santa Catarina também pretendia iniciar em 2019 um processo que transformasse o Estado num mosaico de regiões desenvolvidas, empreendedoras e inovadoras, com cadeias econômicas altamente competitivas, integradas a polos tecnológicos de excelência, formando uma rede capaz de fortalecer os diversos municípios menores ao seu redor.
As metas envolviam, basicamente: ampliar a produtividade em 30% ao longo de 5 anos, fazendo que o Estado saltasse de uma posição 13% abaixo da média de produtividade do Brasil para mais de 15% acima da média, superando o então primeiro lugar, São Paulo. Outro indicador buscava atingir o melhor índice de desenvolvimento humano do país, com os devidos desdobramentos, principalmente em educação e saúde. Um terceiro indicador visava a ampliação do PIB do Estado e, consequentemente, da renda per capita, em pelo menos 50%, o que representaria um crescimento de médio de cerca de 8% ao ano. Finalmente foi escolhido um indicador para avaliar o nível de sofisticação tecnológica, complexidade da economia e do ambiente de negócios, buscando posicionar SC, como se fosse um país, dentre os 20 melhores no ranking de competitividade mundial, ranking global de inovação e o ranking de facilidade para fazer negócios.
Passados 5 anos, o Estado era outro, o nascimento da pequena Catarina, cujo nome homenageia o Estado e a Santa que empresta seu nome (considerada a padroeira dos sábios, jovens e das universidades), representou um marco e um símbolo de um mesmo propósito: trabalhar integradamente para beneficiar todos os catarinenses, representados naquela pequena menina.
Hoje, abril de 2024, as lideranças que pactuaram uma causa comum cantavam os parabéns para Catarina e, ao mesmo tempo, celebravam a conquista conjunta de efetivamente ter dado saltos extraordinários no desenvolvimento do Estado, atingindo praticamente todas as metas estabelecidas há cinco anos atrás.
Olhando para o Estado, percebe-se agora claramente a existência de polos tecnológicos de excelência, localizados em cidades com tradição e vocação para pesquisa, desenvolvimento e geração de novos conhecimentos científicos e tecnológicos, que atuam como âncoras de clusters de inovação que, por sua vez, atraíram empresas mundiais na área de inovação e ampliaram a geração de startups em setores como saúde, TIC, inteligência artificial, data science, robótica, novos materiais, energia, indústria criativa, biotecnologia e ciências cognitivas. Por outro lado, empresas estratégicas de setores tradicionais também serviram como plataforma para geração e desenvolvimento de startups, muitas delas se tornando médias e grandes empresas inovadoras de base tecnológicas. Tudo isso colaborou para que, mais rápido do que se esperava, “surgisse” um processo “organizado-espontâneo” de desenvolvimento baseado em inovação por todos os municípios do Estado, uma vez que já era possível enxergar em cada um dos 295 municípios a presença de alguma iniciativa de desenvolvimento econômico, social ambiental sustentável na forma um novo investimento empresarial ou da criação do um novo conglomerado de pequenas empresas especializadas, todas extremamente competitivas. Este movimento criou perspectivas de fixação das pessoas no seu município de origem, resultando num Estado mais igualitário, equilibrado e desconcentrado.
As experiências concretas desenvolvidas já em 2019 e nos últimos 50 anos em diversas regiões do Estado demonstram a disposição genuína das lideranças de governo, academia e sociedade civil em atuar de maneira integrada verdadeiramente desprendida e focada no bem comum, na tolerância e na coragem para fazer o que se tem que ser feito. O aniversário de Catarina simboliza, portanto, a celebração de uma conquista até então considerada impossível e que se mostrou absolutamente viável pela soma dos esforços, talentos, ideias e ações de cada um dos envolvidos, sem heróis, sem vilões, sem donos, sem dominados, apenas sonhadores que agiram e fizerem acontecer. Parecia impossível … até que foi feito.
POR: José Eduardo Azevedo Fiates, diretor de Inovação e Competitividade da FIESC e superintendente geral da Fundação Certi.
** Artigo publicado originalmente no Diário Catarinense, em 24 de abril de 2019. **
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