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Economia de baixo carbono e tecnologias no setor industrial

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A economia de baixo carbono tem se consolidado como uma abordagem estratégica para alinhar desenvolvimento econômico e sustentabilidade.

Com foco na redução e mitigação de emissões de gases do efeito estufa (GEE), essa transição engloba a adoção de tecnologias limpas, processos produtivos mais eficientes e uma mudança estrutural em setores-chave.

No Brasil, a indústria ocupa um papel central, desenvolvendo inovações e promovendo investimentos que conectam produtividade e responsabilidade ambiental. Essa agenda responde às demandas globais e cria oportunidades para o Brasil se destacar em um cenário internacional que valoriza práticas sustentáveis. Entenda mais neste artigo!

O que é economia de baixo carbono?

A economia de baixo carbono é uma abordagem que busca alinhar o desenvolvimento econômico à mitigação dos impactos ambientais causados pelas atividades humanas. O objetivo principal é reduzir significativamente as emissões de gases de efeito estufa ao longo das cadeias produtivas.

Essa transformação abrange desde a substituição de combustíveis fósseis por fontes renováveis de energia até o desenvolvimento de processos que minimizem o desperdício e reutilizem recursos.

A economia de baixo carbono tem ganhado força globalmente, com diversos países adotando políticas e investimentos para impulsionar essa transição rumo a um desenvolvimento econômico sustentável.O Brasil é um deles. 

Emissões de carbono no Brasil 

O Brasil é o sexto maior emissor de gases de efeito estufa no mundo, segundo o estudo Net Zero Pathway Brazil da consultoria McKinsey.

De acordo com as Estimativas Anuais de Emissões de Gases de Efeito Estufa publicadas pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), as principais fontes dessas emissões no país são os setores de mudança de uso da terra e florestas, agropecuária e energia. Isso reflete o impacto de práticas insustentáveis em larga escala.

Reconhecendo a gravidade desse cenário, o país apresentou uma nova Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) na COP29, assumindo o compromisso de reduzir entre 59% e 67% das emissões até 2035, tomando como base os níveis de 2005.

Para atingir essas metas, será necessário transformar setores como o energético e o industrial, que também contribuem significativamente para as emissões nacionais.

Apesar dos avanços em energia renovável, muitas empresas no Brasil e no mundo continuam a expandir o uso de combustíveis fósseis, conforme aponta o relatório Carbon Majors.

Essa dependência dificulta a transição para um modelo de baixo carbono, exigindo investimentos em tecnologias e práticas mais eficientes para alinhar desenvolvimento econômico com compromissos ambientais.

As pressões internacionais reforçam ainda mais a urgência dessa mudança. A implementação do mecanismo europeu de ajuste de carbono na fronteira (CBAM) pode impactar exportações brasileiras em setores como ferro, aço e cimento, com perdas projetadas de até US$444 milhões.

Importância da economia de baixo carbono

A transição para uma economia de baixo carbono deixou de ser um debate ambiental e tornou-se uma pauta econômica e social de longo prazo.

Reduzir emissões impacta diretamente a saúde pública, combate os efeitos das mudanças climáticas e cria novas dinâmicas de mercado.

Para a indústria, alinhar-se a essa agenda representa atender às crescentes demandas por responsabilidade ambiental e explorar novos espaços competitivos.

Indústria e os custos da transição

A adoção de tecnologias de eficiência energética pode significar redução significativa de custos operacionais. No Brasil, projeções da Empresa de Pesquisa Energética indicam que os ganhos de eficiência podem diminuir em até 6% o consumo energético total da indústria até 2030.

Além disso, o crescimento de fontes renováveis, como solar e eólica, transforma o cenário. Em 2023, a capacidade instalada de energia solar no país ultrapassou 16 GW, consolidando-se como uma alternativa viável e competitiva.

Sustentabilidade e mercado

Práticas sustentáveis são cada vez mais determinantes na escolha de consumidores e na alocação de recursos por investidores.

Em 2023, o Brasil ocupou a sexta posição global em investimentos em transição energética, totalizando US$35 bilhões, segundo a BloombergNEF. Essa movimentação destaca o peso de estratégias focadas na redução de emissões para atrair capital e fidelizar públicos.

Quais são os negócios de baixo carbono?

À medida que a transição para uma economia de baixo carbono avança, diversos setores se destacam como pilares dessa transformação.

Esses negócios oferecem soluções práticas para reduzir emissões e criar modelos mais sustentáveis, ao mesmo tempo que atendem às demandas do mercado global. Abaixo, os principais exemplos:

  • Energias renováveis: fontes como solar, eólica e biomassa lideram a geração de energia limpa. No Brasil, o Nordeste é referência na produção eólica, enquanto a energia solar cresce com a adoção de painéis fotovoltaicos em residências e empresas.
  • Agricultura de baixo carbono: práticas agrícolas como conservação do solo e redução do uso de insumos químicos visam minimizar as emissões. Essas medidas otimizam o uso de recursos e integram a sustentabilidade à produção.
  • Tecnologia e inovação: soluções digitais, como plataformas para monitoramento de emissões e ferramentas de IoT, ajudam empresas a aumentar a eficiência energética e reduzir desperdícios.
  • Descarbonização industrial: indústrias estão adotando medidas para reduzir emissões, desde softwares de monitoramento até o uso de energia renovável e manutenção de equipamentos com foco na eficiência.

Economia de baixo carbono no Brasil

Além das metas apresentadas pelo Brasil na COP29, iniciativas de pesquisa e inovação têm buscado caminhos para viabilizar a neutralidade de carbono no país. Um exemplo é o projeto coordenado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), que reúne 30 iniciativas de pesquisa, desenvolvimento e inovação (P&D+I).

Os Institutos SENAI de Inovação e Tecnologia lideram os estudos, em parceria com mais de 20 empresas, de startups a grandes indústrias. As iniciativas abordam temas como transição energética, descarbonização, economia circular e bioeconomia.

O mercado de carbono no Brasil foi regulamentado pela Lei nº 15.042, de 11 de dezembro de 2024, que instituiu o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE).

Este sistema adota o mecanismo de cap and trade, estabelecendo limites de emissões por setor. As empresa que excederem esses limites podem negociar créditos de carbono com aquelas que emitirem abaixo do permitido, incentivando a redução das emissões de gases de efeito estufa.​

Essa regulamentação oferece uma estrutura mais clara para conectar metas ambientais a incentivos econômicos, além de fomentar inovações que podem ser aplicadas diretamente às iniciativas de P&D+I.

Apesar desses avanços, os desafios permanecem. A execução efetiva desses esforços dependerá de maior alinhamento entre setores, investimentos consistentes e a superação de barreiras técnicas e financeiras.

Como estimular a economia de baixo carbono?

Promover a economia de baixo carbono exige mudanças estratégicas em diferentes áreas. Aqui estão algumas ações práticas.

Participação no mercado de carbono

Empresas podem compensar emissões comprando créditos de carbono ou investir em tecnologias para reduzi-las. Esse mercado incentiva financeiramente práticas mais limpas e produtivas.

Inventários de emissões de gases de efeito estufa

Realizar inventários periódicos das emissões permite às empresas identificar pontos críticos, monitorar avanços e adotar medidas eficazes de mitigação.

Adoção de energias renováveis

Ampliar o uso de fontes como solar e eólica reduz emissões e aumenta a eficiência. Realizar auditorias energéticas ajuda a identificar melhorias nos processos.

Práticas de economia circular

Reduzir desperdício, reutilizar materiais e adotar design sustentável diminui impactos ambientais e gera valor em toda a cadeia produtiva.

Proteção das florestas

Investir em reflorestamento, apoiar a manutenção das florestas em pé e comprar produtos de fontes responsáveis fortalece cadeias produtivas sustentáveis e fortalece cadeias produtivas sustentáveis e contribui para a estabilidade climática.

A economia de baixo carbono representa um desafio, mas também uma oportunidade para transformar a indústria e ampliar sua competitividade global. Embora haja barreiras, existem esforços coordenados e incentivos para impulsionar essa transformação. Projetos de pesquisa, regulamentações como o mercado de carbono e parcerias público-privadas têm criado condições para avanços concretos em setores estratégicos.

O Projeto de Mobilidade Elétrica da Fundação CERTI é um exemplo disso, promovendo soluções sustentáveis no setor elétrico brasileiro. Conheça mais sobre esta iniciativa!

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