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Indústria 4.0 para o agronegócio: Como a Austrália está liderando a transformação digital na agroindústria do gado de corte?

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É indiscutível que a Austrália é uma das principais referências internacionais no que diz respeito à carne bovina de qualidade. Muito se fala acerca da qualidade do rebanho que aquele país possui, mas pouco se fala sobre como se chegou ao rebanho e como os australianos sabem pelo que os consumidores estão dispostos a pagar mais.

Um dos segredos da inovação por trás da revolução australiana chama-se MLA (Meat and Livestock Australia) e como esta rede vem utilizando técnica, ciência, marketing, pesquisa e desenvolvimento desde muito antes da Indústria 4.0, mais especificamente em 1997. Nesta época, a Austrália já era um produtor relevante no cenário da carne internacional. Porém, foi observado um movimento no mercado da carne para uma contínua redução no preço do produto. Procurando atuar de maneira combativa e visando estabelecer um padrão internacionalmente aceito para garantir o crescimento desta indústria, foi cunhada a MLA.

Mas o que é MLA? Uma organização gerenciada por produtores e indústrias, organizada como uma rede, que preconiza a evolução rumo à indústria 4.0 para o agronegócio e tem foco no longo prazo. A MLA realiza pesquisa e desenvolvimento que contribuem para o aumento da lucratividade, da sustentabilidade e da competitividade global dos produtores australianos, sendo também um forte órgão de marketing para divulgar as ações realizadas e promover a imagem da qualidade da carne australiana ao redor do mundo.

Elementos do sistema de integridade da carne vermelha australiana.
Fonte: site do MLA

Assim, a partir do estímulo e uso de tecnologias atualmente enquadradas como habilitadoras da Indústria 4.0, a rede coleta informações e as utiliza para gerar insights de novos negócios ou economias sistêmicas. Hoje, conta com opiniões de mais de 1 milhão de consumidores finais que – a partir de uma rastreabilidade da cadeia, retornam informações de percepção de valor para atacadistas, frigoríficos e produtores.

Os custos da operação são absorvidos pelos denominados parceiros da cadeia (indústrias e produtores), por meio de contribuições sobre transações, através de um processo chamado check-off (ou taxa), que é paga ao colocar um tag nos animais. O governo entrou com a legislação de obrigatoriedade para esse check-off, além de investimentos em projetos.

Aproveitando a oportunidade já trilhada pelos australianos, o governo brasileiro propôs a criação da RAMA – Rede Brasileira da Manufatura Avançada (Indústria 4.0) que visa desenvolver papel similar à MLA em solo brasileiro. Atualmente sob a coordenação da Fundação CERTI, a rede está em processo de rápida formação e conta com apoio maciço do setor de frigoríficos nacionais.

E nós? Saberemos aproveitar as iniciativas que promovam a indústria nacional com uso de tecnologias da indústria 4.0 para o agronegócio agregando valor ou reduzindo custos? O tempo nos dirá.

A RAMA, sendo criada com o apoio do MCTIC/CNPq (Ministério Ciência Tecnologia Inovações e Comunicações/Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e coordenada pela Fundação CERTI, neste ciclo tem seu lançamento previsto para o 2o semestre de 2019.

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