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Lançamento da série Cases CELTA: conheça as incubadas

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Neste ano em que a CERTI completa 35 anos, damos início à série Cases CELTA, para apresentar e prestigiar o trabalho realizado pelas empresas incubadas e a trajetória de grandes empresas que já passaram pela incubadora.

O primeiro case é o da TNS Nanotecnologia, que desenvolveu 11 produtos antimicrobianos e está presente no processo de produção de diferentes artigos industrializados ou insumos para a indústria. A TNS produz substâncias que são incorporadas a produtos veterinários, utensílios domésticos, hospitalares, roupas, calçados, móveis e uma variedade de outros produtos.

Será mostrado um Case CELTA por mês, com um texto carregado de informações das atividades, área de atuação e curiosidades sobre a empresa, e um vídeo complementar apresentado pelo CEO.

O CELTA – Centro Empresarial para Laboração de Tecnologias Avançadas – que há 33 anos foi fundado pela CERTI, oferece suporte a Empreendimentos de Base Tecnológica, além de estimular e apoiar sua criação, desenvolvimento, consolidação e interação com o meio empresarial. A criação da incubadora é uma iniciativa apoiada pela FAPESC, a Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina.

Por si só, o CELTA já é um case de sucesso: recebeu diversos prêmios nacionais, incubou mais de 100 empresas e tem, atualmente, 45 incubadas que realizam suas atividades no Tecnópolis (Florianópolis) e virtualmente.

TNS Nanotecnologia– Inovação, relevância social e de mercado

Já ouviu falar da TNS Nanotecnologia? Você não sabe, mas é possível que seja um consumidor de produtos desenvolvidos por esta startup incubada no Centro Empresarial para Laboração de Tecnologias Avançadas (CELTA), da Fundação CERTI, em Florianópolis. Responsável pela produção de 11 produtos antimicrobianos e presente no processo de produção de diferentes artigos industrializados ou insumos para a indústria, a TNS Nanotecnologia desenvolve substâncias que são incorporadas a produtos veterinários, utensílios domésticos, hospitalares, roupas, calçados, móveis etc. Inúmeros artigos que utilizam, entre outros materiais, polímeros (plásticos, espumas…), tintas, tecidos e cerâmicas. A empresa trabalha desenvolvendo produtos de combate a bactérias e fungos, microrganismos patógenos e, recentemente, iniciou atividades no mercado de agronegócio, além de ter passado por um período de experimentação na Áustria.

É trocadilho pronto, mas inevitável, tratar de contrastes com uma empresa que iniciou sua história desenvolvendo produtos utilizando nanopartículas de prata e hoje assume proporções nada “nano” de competências e presença no mercado global. Navegando pelo site da empresa (tns.com.br) e conhecendo os produtos oferecidos, não se pode prever que os responsáveis por tantas inovações como o Nanovo – proteção que aumenta a vida de prateleira de um ovo de quatro para 10 semanas – sejam um grupo de apenas 29 colaboradores em uma sala sem paredes, que conta com um laboratório de aproximadamente 40m2 (este com paredes, por segurança), salas de reunião e cabines para teleatendimento, ou usadas como “cantinho da concentração”. Tudo vai ao encontro do lema “fazer mais com menos”, repetido constantemente pelo diretor geral da empresa, Gabriel Nunes.

Do nano para o mundo

A caminhada iniciou em 2009, quando três empreendedores viram no Sinapse da Inovação, programa de incentivo da FAPESC executado pela CERTI, uma oportunidade para desenvolver um produto que pudesse combater microrganismos causadores de maus odores e fungos em tecidos. O foco era atender uma demanda carente percebida na indústria – objetivo presente até hoje na TNS. “Na maioria das vezes, a indústria não conhece todos os benefícios de atuar com a TNS e startups relacionadas ao setor químico. Quando nos deparamos com estes casos, nosso time técnico-comercial se destaca bem. Nosso papel é apresentar as vantagens da empresa, seja ao compartilhar nossa velocidade ou flexibilidade em parametrizar produtos e formulações, seja ao compartilhar cases com players de diferentes setores. Desta maneira, nossa etapa de testes e aprovações na indústria se desenvolve felizmente com grande taxa de sucesso”, explica Nunes, descrevendo a pró-atividade em PD&I assumida pela empresa, desde os primórdios. Mas, localizar a demanda e encontrar soluções efetivas requer tempo.

Os primeiros anos de existência da empresa giraram em torno de depurar a solução específica para a indústria têxtil, no combate a agentes que pudessem comprometer a qualidade e durabilidade do produto de alguma forma. Em paralelo, os fundadores buscaram maneiras de sustentar a infraestrutura necessária para mostrar-se relevante no mercado. Para tal, os empresários inscreveram-se em editais de apoio a empresas de inovação. Em 2010, a TNS foi contemplada no programa Prime – Primeira Empresa Inovadora, da Finep, e em 2011, foi premiada no projeto RHAE – Formação de Recursos Humanos em Áreas Estratégicas, do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e CNPq, importante para que a TNS investisse na contratação de pesquisadores capacitados com aquela pitadinha empreendedora. Mestre, doutores e graduados em diferentes áreas juntavam-se ao grupo. Dentre eles, Gabriel Nunes, recém-chegado de sua graduação sanduíche na Alemanha.

De lá para cá, muito aconteceu. Em 2017, a empresa iniciou a exportação de produtos e hoje abastece sete países com tecnologia catarinense. Além de exportar para a Austrália, Colômbia, Chile, Suíça, Bélgica, Itália e Argentina, a incubada participou de um intenso programa de softlanding na Áustria, no fim de 2018, ano em que completou 10 anos de existência e comemorou os resultados colhidos na dedicação à pesquisa e à indústria. A startup concorreu com empresas de 16 países e foi vencedora do programa austríaco oferecido pela Wirtschaftsagentur Wien (Agência de Negócios de Viena), o que garantiu a ida para a Europa e dois meses de mentoring com executivos locais e meetings para abertura de mercado.

Foco no capital humano

A equipe da TNS é formada por químicos, engenheiros químicos, de materiais, de alimentos, de aquicultura, biotecnólogos e tantas outras capacitações que atuam não apenas nas pesquisas de produtos, mas nas vendas, administração da empresa e marketing. O time é enxuto, mas traz na multidisciplinaridade sua força. “Nós focamos muito no conhecimento técnico, comprometimento do time com o propósito da empresa para com a sociedade, afinal, nosso maior ativo é o nosso time”, afirma o diretor. Bônus e premiações a todos os colaboradores que cooperam para o sucesso de projetos fazem parte das ferramentas de incentivo exercidas pela empresa.

A flexibilidade nos horários de trabalho permite que cada um exerça sua função nos períodos que rendem mais, outra das vantagens que atraíram a pesquisadora Jaqueline Scharf, técnica em Química e estudante de Química na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) a trabalhar na startup. Com experiência em empresas de médio porte, o ambiente de colaboração mútua e proximidade de toda a equipe, líderes e liderados, foi um atrativo. “Tenho autonomia para organizar meu próprio trabalho e não é porque estou fazendo diferente de outra pessoa que estou fazendo errado”, explica.

Expansão para o Agro

Até o final de 2015, a empresa procurou atingir o ponto de equilíbrio para devolver aos sócios todo o valor investido até então, e, com o sucesso da ação, a TNS partiu para o passo seguinte. O primeiro projeto além da linha de conforto foi o Nanovo, desenvolvido em colaboração com a Embrapa e Fornari. Um revestimento comestível e biodegradável aplicado em volta do ovo, que aumenta o tempo de prateleira de quatro para dez semanas. No Brasil, são produzidos cerca de 40 bilhões de ovos por ano (dados ABPA, 2017) e “cerca de 5% se perdem do manejo até chegar, ou quase chegar, nas mãos do consumidor”, explica Gabriel.

Para garantir a maior resistência, é necessário realizar uma aplicação da camada protetora, o que requer maquinário específico. Para isso, a TNS buscou parcerias estratégicas e co-desenvolveu um maquinário próprio, que serão disponibilizados para as granjas por meio do modelo de comodato, prática comum no mercado agro.

A segunda iniciativa para o setor foi o Viva Flora, produto que usa tecnologias de íons metálicos e partículas naturais utilizados em fertilizantes e tratamentos de sementes, diminuindo a necessidade de uso de químicos em plantações, com aumento constatado de produção acima de 20% e diminuição de doenças na lavoura em torno de 30%. “Antes, trabalhávamos somente com um princípio ativo, mas fomos nos oxigenando e gerando novas formulações”, conta Gabriel, empolgado. Tanto o Nanovo, quanto o Viva Flora, são empreitadas comemoradas por toda equipe, além de iniciativas inovadoras e de apelo comercial, que têm sua relevância dentro de um papel social que a TNS alimenta como princípio. “Estes são exemplos de inovações que podem ajudar a combater o desperdício e a fome no mundo e na linha agro, a gente sabe que o céu é o limite”, conclui.

*Texto do case produzido por Frederico S. Carvalho.

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