CERTI Insights

O papel de grandes empresas no ecossistema da bioeconomia na região da Amazônia

A bioeconomia amazônica ganhou centralidade e hoje é uma das principais apostas estratégicas para o desenvolvimento sustentável da região.

Diante de pressões regulatórias, expectativas de mercado e alertas sobre os impactos ambientais nos próximos anos, o setor privado começa a se mover. Mas ainda são poucas as empresas que entenderam como transformar essa pauta em modelo de negócio.

Para discutir esse cenário, contamos com a contribuição de Janice Maciel, gerente de Economia Verde da Fundação CERTI e coordenadora da Jornada Amazônia.

Com base na experiência de campo e na atuação direta com startups e cadeias produtivas da floresta, a Jornada Amazônia cria caminhos práticos para empresas que queiram fazer parte, de forma estruturada, no ecossistema de inovação da bioeconomia amazônica. Acompanhe!

O papel das grandes empresas na bioeconomia da Amazônia

A participação da indústria na bioeconomia da Amazônia é decisiva para destravar gargalos estruturais. Sem padrão, escala e previsibilidade, as cadeias produtivas da floresta seguem restritas aos mercados locais.

A maioria dos insumos amazônicos ainda não atende aos requisitos da indústria — como controle sanitário, padronização e estabilidade na oferta.

Nesse cenário, as empresas que atuam como compradoras também exercem influência na organização dessas cadeias. “A indústria ajuda a mostrar o caminho, orientando a base das cadeias produtivas na sua organização para aproveitar as oportunidades já existentes, uma relação comercial que pode ser justa e benéfica para todos” ”, afirma Janice Maciel.

Outro fator é a inovação. Startups e negócios comunitários já operam na região, lidando com os desafios logísticos, climáticos e operacionais do território. Conectar-se a esses atores permite desenvolver soluções com base em conhecimento acumulado, acelerando processos e reduzindo riscos.

A floresta também oferece acesso a uma diversidade biológica ainda pouco conhecida pelo mercado. Há ingredientes com alto potencial comercial que ainda não foram dominados por grandes marcas. As empresas que investem em pesquisa, em parceria com redes locais, têm mais chance de identificar esses ativos antes dos concorrentes.

Engajar-se com a bioeconomia amazônica é uma escolha de mercado. As organizações que assumem esse papel passam a influenciar o futuro das cadeias produtivas — e também o lugar que vão ocupar em uma economia que exige respostas mais conectadas ao território.

Como grandes empresas podem fazer negócios com startups da bioeconomia

Fazer negócios com startups da bioeconomia amazônica exige abertura para lidar com arranjos produtivos distintos e uma rede de atores com interesses variados.

Por isso, é fundamental que grandes empresas se conectem em redes já estruturadas. As oportunidades existem, mas a ativação depende de conexões práticas com quem já opera no território. 

Entre os caminhos mais viáveis estão:

A Jornada Amazônia atua como ponte entre indústrias e startups. Identifica oportunidades, articula parceiros e facilita o acesso a um ecossistema distribuído por toda a Amazônia Legal. A conexão com redes como essa encurta caminhos, reduz riscos e oferece pontos de entrada com maior previsibilidade.

Entrar na bioeconomia amazônica requer planejamento e disposição para cooperar. Mas há caminhos prontos, à espera de quem queira ativá-los.

Por que investir na bioeconomia da Amazônia agora? 

A COP 30, prevista para 2025 em Belém, no Pará, deve colocar a Amazônia no centro das discussões globais sobre florestas, clima, uso da terra e novas economias. O evento tende a atrair investidores, governos e imprensa, ampliando a visibilidade de quem já está inserido no ecossistema de inovação regional.

A pressão também vem do mercado. Os consumidores estão mais atentos à origem dos produtos e às práticas adotadas pelas empresas. Esperar pode significar perder espaço. Como alerta Janice, “as indústrias que se antecipam serão apresentadas às melhores oportunidades, ou às primeiras”.

O ecossistema de inovação ainda está em fase de estruturação, o que favorece quem entra cedo. Segundo ela, “o cenário é de maior risco, mas também de retorno e posicionamento mais estratégicos”. Com menos concorrência e mais espaço para codificar modelos de negócio, há chances reais de ocupar posições de liderança em cadeias produtivas promissoras.

A urgência se conecta também a um debate maior. O Relatório de Riscos Globais de 2025, divulgado pelo Fórum Econômico Mundial, aponta que os riscos ambientais serão os mais graves impactos econômicos da próxima década. “Não é uma questão de escolha. Estamos todos submetidos a essa nova realidade”, afirma Janice.

Entrar agora permite testar soluções, firmar compromissos com cadeias locais e adotar posicionamentos alinhados às mudanças esperadas nos próximos anos. Adiar essa decisão tende a aumentar os custos de adaptação e reduzir as margens de influência.

Conheça a Jornada Amazônia 

Antecipar movimentos no contexto da bioeconomia amazônica exige acesso a redes confiáveis e entendimento sobre os arranjos já em construção no território.

A Jornada Amazônia atua justamente nesse ponto de conexão. É uma iniciativa que reúne empresas, startups, organizações comunitárias, universidades e investidores com foco na prosperidade da floresta em pé. A atuação cobre todos os estados da Amazônia Legal.

Segundo Janice, “a Jornada já reúne atores com funções bem definidas e estratégias alinhadas para fazer a bioeconomia prosperar”. A iniciativa mapeia oportunidades, estrutura programas de aceleração e facilita a entrada de empresas no ecossistema.

Em 2024, a iniciativa lançou o Road-to-COP. O objetivo é identificar oportunidades de negócios com potencial de escala, conectá-los a indústrias e potenciais investidores, estruturar e materializar bons negócios e levá-los à COP 30 no formato de cases bem sucedidos em andamento “É uma chance de sair do anonimato direto para o holofote”, afirma a coordenadora da Jornada Amazônia.

A Jornada articula redes com capacidade de operação prática, conhecimento local e histórico de colaboração. Para empresas que buscam inserção consistente na bioeconomia, o caminho passa por se integrar a esse ambiente. O momento é de construção — e quem chega agora pode influenciar como o futuro será organizado.

Conheça os programas, as conexões e as possibilidades abertas a quem busca fazer negócios com a floresta em pé.

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