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O que é empreendedorismo de impacto?

Empreendedorismo de impacto

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Contribuir para o desenvolvimento das comunidades, gerando oportunidades, capacitação e renda, além de promover a preservação do meio ambiente. Esses são alguns dos objetivos dos chamados empreendimentos de impacto, que promovem a responsabilidade socioambiental através de um modelo de negócios sustentável e lucrativo.

Neste post, vamos entender melhor como funciona o empreendedorismo de impacto e seus reflexos na sociedade. Boa leitura!

O que é empreendedorismo de impacto?

O empreendedorismo de impacto é um conceito que vem na esteira de outras grandes mudanças observadas no mundo dos negócios, como o ESG. De um foco maior no meio ambiente, nas questões sociais e na governança surgem modelos de negócios que têm a premissa de integrar valores sociais e sustentáveis à sua cultura, à sua missão e aos seus valores – sem abrir mão do lucro.

Mas não basta que isso seja dito; é preciso que se reflita na prática da atuação da empresa. Por isso, a Artemisia, organização de fomento ao empreendedorismo de impacto no Brasil, listou algumas características que nos ajudam a definir esse tipo de negócio. São elas:

  • Atenção à população mais vulnerável – principalmente do ponto de vista econômico (classes C, D e E);
  • Intenção clara de causar impacto social positivo;
  • Escalabilidade, ou seja, a possibilidade de fazer o negócio crescer e se replicar e ampliar seu alcance;
  • Rentabilidade, isto é, a empresa deve gerar lucro e se sustentar financeiramente por si própria;
  • Solução (ou modelo de negócio) voltada para atender a uma demanda social e/ou ambiental, de modo que seja a atividade principal da empresa.

O Sebrae destaca outras características importantes para um empreendimento do tipo:

  • Combate ao trabalho análogo à escravidão, forçado e infantil;
  • Zelo pela cadeia produtiva, isto é, seleção criteriosa de fornecedores alinhados aos objetivos e valores da empresa;
  • Trabalho em rede e criação de parcerias, de forma a potencializar a atuação do negócio;
  • Gerenciamento do impacto socioambiental, ou seja, não basta criar uma solução voltada a gerar melhorias para a sociedade, é preciso mensurá-las;
  • Articulação com políticas públicas. Isso significa que o empreendedorismo de impacto deve complementar e ajudar a desenvolver políticas governamentais que atendam o mesmo problema.

Como funciona o empreendedorismo de impacto

O empreendedorismo de impacto diz respeito a negócios que promovem alguma melhoria para a sociedade, sobretudo pessoas e comunidades mais vulneráveis.

Isso pode vir por meio de iniciativas que gerem emprego, oportunidades, capacitação e renda, pela geração de impactos ambientais positivos em um determinado local, ou ainda pela melhora de uma condição específica que impacte a qualidade de vida das pessoas, como mobilidade urbana ou acesso facilitado ao crédito. São muitas as possibilidades.

E tudo isso pode acontecer em complemento ou em articulação com políticas públicas, e de forma integrada a outros agentes da cadeia produtiva, gerando uma rede que amplie os impactos do negócio.

Mas vale destacar:um adendo: o empreendedorismo de impacto muitas vezes atua em frentes que não são responsabilidade do governo, porém, que não podem esperar. Por isso falamos em complemento às políticas públicas. Deve-se aproveitá-las, mas sem que isso atrase os benefícios que a empresa pode gerar à população.

O empreendedorismo de impacto se trata, portanto, de entender o atual estágio do planeta e a responsabilidade que as empresas – ao lado dos governos – têm de atuar em benefício da comunidade em que se encontram ou que pretendem se inserir. Para os negócios de impacto, a busca pelo lucro não pode ser algo que se contraponha à preservação dos recursos naturais e à dignidade humana.

De fato, o que deve acontecer é o oposto. Com a ascensão de conceitos como o ESG e a bioeconomia, fica claro que cada vez mais serão beneficiados os negócios com maior preocupação e comprometimento. E isso tem uma explicação clara: essa mudança na mentalidade não chegou apenas às empresas.

A cada dia mais consumidores estão preocupados com as questões sociais e ambientais – e priorizam marcas que estejam alinhadas aos seus interesses. O mesmo pode ser dito sobre investidores, que enxergam nessas empresas um potencial maior de ganho e de redução de riscos.

O empreendedorismo de impacto está diretamente ligado à bioeconomia, que visa preservar o meio ambiente ao mesmo tempo que gera empregos e oportunidades, sobretudo para as comunidades locais.

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Qual a importância do empreendedorismo de impacto?

Como vimos, o empreendedorismo de impacto tem no seu cerne disponibilizar soluções que promovam melhorias para a sociedade. Vale lembrar que o Brasil possui uma problemática socioambiental muito latente.

Nos últimos anos, passamos por um aumento da degradação ambiental e das condições sociais, associado ao contexto da pandemia. O empreendedorismo de impacto tem grande protagonismo na resolução desses problemas, promovendo uma transformação sistêmica que altera a relação entre pessoas, empresas e meio ambiente.

Isso posto, embora ainda seja necessário muito investimento nessas áreas para impulsionar esse tipo de iniciativa, os ganhos sociais são inegáveis. Um estudo da FGV em parceria com a Fundação Arymax traçou o perfil dos empreendedores de impacto no Brasil.

O levantamento traz dados que nos ajudam a entender como esse tipo de negócio pode contribuir para a sociedade. Alguns exemplos:

  • 94% melhorou a vida de um grupo desfavorecido;
  • 79% melhorou a atitude em relação a um grupo desfavorecido;
  • 53% melhorou o meio ambiente;
  • 53% melhorou a atitude em relação ao meio ambiente;
  • 23% influenciou ou ajudou a influenciar a definição de políticas públicas;
  • 11% alterou ou ajudou a alterar a legislação.

Essas informações são importantes para termos um melhor entendimento acerca das formas como o empreendedorismo de impacto pode colaborar. Não são apenas ações isoladas, tampouco medidas voltadas somente para o social ou para o ambiental (que são indissociáveis): é possível ter uma atuação holística e, mais do que isso, exercer influência na esfera pública para fomentar políticas que melhorem a vida da população.

Vantagens dos empreendimentos de impacto

Ao buscar a criação de uma rede que envolve parceiros, governos, start-ups, ONGs e centros de conhecimento, o empreendedorismo de impacto tem o potencial para impulsionar o desenvolvimento de novas soluções e modelos de negócios.

Além disso, se propõem a compartilhar a responsabilidade que está nas mãos dos governos de atender os problemas sociais, trazendo maior descentralização para este papel. Isso reforça a compreensão de que todos – pessoas e empresas – têm um papel a exercer para a concretização de melhorias socioambientais.

E esse é o poder dessa rede. Enquanto o governo atua na frente de regulamentação, legislação e investimentos, universidades desenvolvem pesquisa e conhecimento, e as startups buscam pela inovação, otimizando o impacto potencial desses recursos.

Nesse sentido, podemos destacar quatro exemplos de dimensões que têm visto melhorias causadas pelo empreendedorismo de impacto nas suas mais diferentes esferas de atuação (saúde, habitação, alimentação, educação etc.):

  • Redução de custos;
  • Mais oportunidades de desenvolvimento;
  • Diminuição da vulnerabilidade social;
  • Fortalecimento dos direitos e da cidadania.

Tendências do empreendedorismo de impacto no Brasil

No Brasil, existem muitas iniciativas relacionadas ao empreendedorismo de impacto em marcha. Segundo levantamento da Pipe.Labo, houve um aumento de 29,7% no número de empresas brasileiras que se declaram como empreendimentos de impacto – elevando o número para 1300.

O 3º Mapa de Negócios de Impacto, realizado em 2021, é o documento mais recente sobre a realidade dos negócios de impacto socioambiental no Brasil. E, embora ainda sob efeitos da pandemia, traz dados interessantes sobre o cenário atual.

Um dos destaques para entendermos o panorama são as verticais de impacto, isto é, em quais aspectos as soluções oferecidas atuam. Temos o seguinte:

  • 49% tecnologias verdes;
  • 40% cidadania;
  • 28% educação;
  • 27% saúde;
  • 23% cidades;
  • 18% serviços financeiros.

É interessante ver como o empreendedorismo de impacto no Brasil é variado. Isso é positivo para a sociedade, uma vez que há uma maior diversificação de ganhos possíveis.

Outra tendência importante levantada pelo estudo é a descentralização dos negócios de impacto, antes concentrados na região Sudeste. Mesmo que 58% deles ainda estejam nesta que é somente uma das cinco regiões do Brasil, o Nordeste passa a hospedar 16% das empresas,  um aumento percentual de 5% quando comparado ao Mapa de 2019.

Isso é um aspecto fundamental para que tenhamos mais empresas inseridas e conhecedoras de diferentes realidades. O Brasil é muito diverso e cada estado tem seus problemas sociais mais latentes, assim como biomas diferentes que exigem soluções ambientais diversificadas.

Segundo o relatório anual da Global Impact Investing Network (GIIN), os investimentos de impacto superaram pela primeira vez a barreira de US$ 1 trilhão em todo o mundo. Mas o Brasil precisa avançar.

O Brasil representa uma pequena parcela desses investimentos, embora seja um dos mercados mais promissores para o empreendedorismo de impacto. Felizmente, iniciativa privada e governo têm atuado nesse sentido. Um exemplo: em 2022, o BNDES anunciou um fundo de R$ 1 bilhão para apoiar negócios de impacto socioambiental.

Aliado a iniciativas de estímulo a novos negócios de impacto, esse tipo de medida é essencial para explorarmos todas as nossas potencialidades.

Um dos grandes desafios das próximas décadas é a transição do modo de produção atual para um economia verde, onde a bioeconomia assume um papel relevante. Nesse cenário, o empreendedorismo de impacto é protagonista.

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