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Projeto catarinense propõe testes em massa na população a custo baixo

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Testes podem custar entre R$ 10,00 e 20,00 e a principal estratégia é fazer em grupos de pessoas

Testar, testar e testar. Esta tem sido uma das recomendações da OMS aos países atingidos pela pandemia do novo Coronavírus em todo o mundo. A testagem em larga escala permite fazer o isolamento apenas das pessoas contaminadas, reduzindo os impactos na economia dos países afetados. O problema é que a capacidade de testes é ainda limitada e o custo é alto para fazer em toda a população brasileira.

Com este o desafio, a Fundação CERTI e a empresa Neoprospecta se uniram à FIESC e ao SESI para desenvolver um projeto de realização de testes moleculares tipo RT-PCR – que identificam material genético do vírus –  em grande escala com baixo custo de aplicação. Os testes do COVID-19 ficarão à cargo da BiomeHub, spin-off da Neoprospecta focada no desenvolvimento e aplicação de tecnologia de NGS e bioinformática para área da saúde, que inclui apoio na investigação de doenças infecciosas de difícil diagnóstico.

“A ideia é testar na ordem de 10% da população do estado, sendo parte significativa desse total repetido em intervalos de 15 ou 30 dias, a um custo médio de R$ 10,00 a R$ 20,00 por pessoa testada”, diz Erich Muschellack, Superintendente Geral da CERTI. A proposta é fazer os testes em indústrias, empresas e escolas, atingindo mais de 500 mil pessoas por mês em Santa Catarina.

Para chegar neste custo baixo comparado aos testes RT-PCR no mercado – cerca de R$ 180,00 por teste – a estratégia é realizar de uma vez testes de amostras de grupos de 10 pessoas. Serão coletadas as amostras de muco da faringe misturadas de 10 pessoas supostamente sãs, como se fosse um teste individual, portanto ao custo de um único kit. Caso ninguém do grupo esteja infectado, o resultado será negativo para todos os indivíduos do grupo. Porém, se uma ou mais pessoas estiverem infectadas, o teste indicará positivo – sem identificar o portador da infecção. Neste caso deverá ser feito o teste molecular individual em todos os membros do grupo para identificar quem tem o vírus. Com isso, elimina-se um custo alto de aplicação de testes individuais.

“Esta estratégia do teste de grupo baseia-se na hipótese de que realmente uma parcela pequena da população encontra-se infectada, e, portanto, existe a expectativa de encontrar um grande número de grupos sãos”, explica o Superintendente Geral da CERTI, Erich Muschellack. 

Felipe Oliveira, CEO da BiomeHub, corrobora com essa premissa. “A tecnologia empregada na detecção do vírus é a mesma que no diagnóstico oficial, por RT-PCR em tempo real, assim como o tempo, no comparativo com as análises clínicas. Estamos utilizando parâmetros de sensibilidade próximos dos resultado obtidos no teste diagnóstico de um único indivíduo”, salienta.

Santa Catarina tem atualmente 10 infectados por milhão e, excetuando-se os países muito críticos como Itália, a incidência está entre 100 e 300 por milhão. Em qualquer cenário é preciso considerar os casos desconhecidos por serem assintomáticos. Assim, o projeto permite obter uma cobertura maior da população testada a custo mais baixo.

A CERTI montou um plano de logística integrado com o Sistema SESI para a viabilização dos testes, que serão feitos nos empreendimentos  e escolas. Já está em desenvolvimento também um banco de dados com informações dos testes, integrado a um software de gerenciamento e acompanhamento que disponibiliza para empresas, governo, secretarias de saúde e demais entidades dados para tomadas de decisão. Estes dados vão auxiliar nos estudos endêmicos sobre o Coronavírus e sua disseminação. O projeto também prevê aplicativo em celular para gerenciar as coletas, identificando usuário, localização, número de kits necessários em cada local, entre outras informações. “O principal objetivo do projeto é proporcionar de forma segura a retomada da atividade econômica da indústria, comércio e escolas, monitorando com precisão a evolução da contaminação”, afirma o Superintendente da CERTI. 

INVESTIMENTOS 

A iniciativa vem sendo recebida com grande interesse pelo setor produtivo. “Estamos conversando com governos e empresas dos mais diversos segmentos que já manifestaram interesse em apoiar financeiramente o projeto, entendendo que é de grande importância para a preservação de vidas e retomada da atividade econômica”, diz Muschellack. Como os investimentos são elevados – estima-se algo em torno de R$ 6 milhões, o projeto busca apoio para seu desenvolvimento e implementação. Mas pela urgência e necessidade de colocar em prática as ações, as empresas Neoprospecta e BiomeHub já estão instalando um novo laboratório de testes em Florianópolis, com capacidade de executar testes para 500 mil pessoas por mês com resposta em 24 horas. “Estamos estudando oferecer pacotes específicos para as empresas, para que possamos viabilizar os testes em larga escala”, finaliza o superintendente da CERTI.

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