A exploração e a escassez dos recursos naturais e energéticos, por parte tanto de países industrializados quanto em desenvolvimento, são as principais causas da crise energética pela qual passamos, fatores que são seguidos por uma forte pressão para a redução das emissões de gases nocivos à atmosfera.
Esse cenário impulsiona a busca por alternativas capazes de suprir o abastecimento de energia no mundo sem que isso acarrete em prejuízos para o meio ambiente e de modo a reduzir a dependência de combustíveis fósseis – petróleo, carvão e gás natural.
Enquanto o Estado não investir em medidas de prevenção ao meio ambiente e na criação de planos de segurança energética, o Brasil e o mundo seguirão sendo afetados pela escassez de energia.
Mesmo que a matriz energética brasileira seja majoritariamente limpa, uma vez que advém da energia gerada pela água em hidrelétricas, é preciso considerar que, nos últimos anos, temos enfrentado diversos problemas por conta da escassez de chuvas e o consequente baixo nível nos reservatórios. Esses episódios levaram a frequentes medidas de racionalização da água, inclusive em grandes centros urbanos.
Nesse sentido, não bastasse essa dependência dos recursos hídricos, o Brasil ainda enfrenta problemas relacionados à má distribuição da energia, à ausência de investimento para a distribuição e geração, além da falta de projetos que busquem soluções para o setor.
Tudo isso se relaciona diretamente com a discussão mundial sobre transição energética, que vem na esteira de décadas de debates e acordos internacionais, representados principalmente pelo Protocolo de Quioto, assinado em 1997, e do Acordo de Paris, assinado em 2016; ambos com foco na definição de metas globais para a redução da emissão de gases a fim de conter o aquecimento global.
Também chamada de transição ecológica, trata-se da troca de um modelo altamente dependente de combustíveis fósseis por outro que seja focado em fontes renováveis e de menor impacto ambiental. A ideia é promover a diversificação da matriz energética dos países e, desta forma, evitar a concentração em uma única fonte.
O que é segurança energética?
Segurança energética é um conjunto de medidas que visam a afastar o risco de falta de energia, reduzindo a instabilidade causada pela dificuldade de acesso às fontes energéticas. Afinal, quando falta energia, a indústria não produz, o setor de serviços fica paralisado, os transportes são afetados e as residências ficam no escuro.
Nesse sentido, a segurança energética está diretamente relacionada à garantia na oferta de energia, com preços baixos para o consumidor e, principalmente, com a incorporação das fontes de energia limpa à matriz – como eólica, solar, geotérmica, das marés, biomassa, entre outras – para reduzir a dependência e dar alternativas ao abastecimento.
A segurança energética também é essencial para garantir o desenvolvimento sustentável do país, com impulso ao crescimento econômico e, especialmente, à redução da pobreza com apoio às comunidades afetadas por grandes projetos.
Além disso, este é um ponto-chave para a competitividade da economia brasileira. E para garantir o abastecimento em um país de dimensões continentais é necessário dar prioridade a uma matriz energética diversificada.
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Como é composta a matriz energética brasileira
Segundo o Balanço Energético Nacional 2020, elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) do Ministério de Minas e Energia, a oferta de energia no Brasil se divide da seguinte forma:
- Fontes de energias não renováveis (petróleo e derivados, gás natural, carvão mineral, urânio e outras): 53,9%
- Fontes de energia renováveis (biomassa de cana, hidráulica, lenha e carvão vegetal e outras): 46,1%
Como vemos, o Brasil depende das fontes não renováveis para garantir a oferta e segurança da matriz energética. No entanto, o país tem potencial para liderar o processo de transição energética no mundo, graças à abundância de recursos hídricos e da grande oferta de energia solar e eólica, além de tecnologias como a crescente utilização de biomassa.
Nesse contexto, o conceito de geração distribuída de energia também ganha importância. Desde 2012, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) permite que o consumidor gere sua própria energia elétrica a partir de fontes renováveis e troque o excedente com a rede de distribuição da região em que vive. O objetivo dessa mudança é incentivar a inovação, de modo a aliar economia financeira, consciência socioambiental e sustentabilidade.
Dessa forma, a geração distribuída não apenas contribui para aumentar a diversidade da matriz energética brasileira, mas também permite o adiamento de investimentos na expansão da rede de distribuição e dos sistemas de transmissão, reduzindo os impactos no meio ambiente e minimizando perdas.
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Desafios da segurança energética no Brasil
Devido às recentes – e frequentes – crises de energia pelas quais o Brasil vem passando nos últimos anos, a segurança energética é um tema de extrema relevância em nível nacional.
Seja para geração, transmissão ou distribuição de energia, devemos encontrar soluções para os entraves ambientais, para a falta de políticas públicas e para a inadequação da infraestrutura energética em todo o país, focando também em dar mais eficiência ao uso da energia.
De fato, talvez os maiores desafios do Brasil encontram-se na falta de eficiência energética e na transmissão e produção centralizada de energia. Isso porque, quanto maior for a distância entre o ponto de geração e o ponto de consumo, maiores são as perdas na transmissão. Dado que o Brasil possui uma dimensão continental e a geração, muitas vezes, encontra-se isolada do consumo, as perdas no nosso sistema são significativas.
Nesse sentido, é preciso entender as experiências de outros países e colocar em prática ações que visem a reduzir as consequências da escassez de energia e encontrar alternativas para diversificar nossa matriz energética e torná-la mais sustentável.
É possível observar pontos em comum entre os países que lideram o processo de transição energética no mundo, como Suécia, Suíça e Noruega, com destaque para a diversidade de fontes de energia, a presença de infraestrutura robusta nos sistemas e políticas públicas que consideram a disponibilidade de recursos naturais e incentivam o uso de energia limpa – exatamente os maiores desafios para a segurança energética no Brasil.Para saber mais sobre o assunto, continue acompanhando nossos textos e, qualquer dúvida, entre em contato conosco.