Transparência, produtividade, previsibilidade e sustentabilidade: essas são algumas das melhorias que a utilização da Modelagem da Informação da Construção pode trazer para projetos do setor público e privado.
Neste post, veja o que é BIM, quais são suas aplicações e benefícios e o panorama no Brasil. Acompanhe!
O que é BIM: Modelagem da Informação da Construção
BIM (Building Information Modeling) consiste na representação digital e tridimensional das características físicas e funcionais de um edifício, contendo todas as informações necessárias para a execução, implantação, manutenção e gerenciamento de um projeto de forma integrada e organizada.
Essas informações envolvem desde o próprio modelo da edificação até o seu orçamento, acompanhando todo o ciclo de vida, do projeto à finalização. As maquetes eletrônicas permitem ao usuário obter plantas, cortes e vistas de qualquer estrutura, o que possibilita acompanhar a evolução das etapas do projeto, simular cada detalhe de cada estrutura, além de atualizar o modelo a qualquer momento e em tempo real.
Importante destacar que o BIM não é um software, mas uma metodologia que utiliza essas ferramentas e integra profissionais de diferentes áreas na elaboração de um modelo virtual preciso e detalhado.
Histórico
As origens do BIM remetem à década de 70, nos Estados Unidos, quando profissionais e empresas de setores ligados à construção civil identificaram a necessidade de integrar mais informações aos projetos desenhados em softwares especializados. Dessa necessidade surgiram os primeiros programas que permitiram que os projetos e documentos passassem do papel para o computador: os CAD (Computer Aided Design).
Somente em meados da década de 80 que o termo Building Modeling surgiu, levantando a importância de aliar a modelagem tridimensional com componentes inteligentes e paramétricos, bancos de dados e faseamento dos processos construtivos. O termo BIM da forma como é utilizado hoje foi mencionado pela primeira vez na década de 90.
Aplicações e benefícios de utilizar BIM
O BIM pode ser utilizado por profissionais de quaisquer áreas diretamente relacionadas ao desenvolvimento e execução de um projeto. E não se trata apenas dos profissionais projetistas, mas todos aqueles envolvidos nas etapas de planejamento, execução e gerenciamento da obra, como arquitetos, engenheiros e construtores.
Dessa forma, o BIM pode ser aplicado desde a construção civil à indústria de óleo e gás.
Benefícios
A adoção do BIM em projetos traz diversos benefícios para todas as partes interessadas. Destacamos os principais:
- Autonomação: com informações técnicas integradas aos elementos do projeto, permite que melhorias sejam feitas enquanto se está operando. Isso possibilita a obtenção de rotinas de cálculos automatizadas, por meio das quais é realizada a atualização do desenho. Além disso, também é possível simular diferentes soluções de maneira automatizada.
- Comunicação: facilita a troca de informações entre todos os agentes envolvidos no projeto, criando uma linguagem comum para os processos utilizados. Isso também permite que indústrias e o Estado possam se comunicar de maneira mais eficiente e padronizada.
- Desenhos inteligentes: proporciona a integração de dados e cálculos aos elementos do desenho, como as estimativas de fator potência e rendimento dos projetos elétricos da construção, por exemplo.
- Modelagem entrelaçada: permite a criação de modelagens entrelaçadas com parâmetros que permitem eliminar auditorias, dando mais qualidade aos projetos.
- Produtividade: o BIM é utilizado para representar as estruturas permanentes e temporárias do canteiro de obras ao longo de todas as fases de construção. Quando aliado a um cronograma de atividade, o sistema permite repassar as informações sobre requisitos de espaço, recursos de trabalho, materiais e localização.
- Previsibilidade: confere mais previsibilidade dos prazos e dos custos de acordo com o escopo do projeto. Com o sistema, é possível realizar simulações de alterações, levantando os possíveis impactos financeiros e produtivos durante todo o ciclo da obra. Além disso, os orçamentos podem ser gerados de forma automática, trazendo previsões muito mais detalhadas e permitindo que os profissionais dediquem seu tempo para funções mais analíticas e estratégicas.
- Sustentabilidade: o BIM colabora para a sustentabilidade do projeto, ao facilitar aspectos como a análise da eficiência energética da construção e os impactos técnicos e financeiros de cada simulação.
BIM no Brasil: etapas de implementação e desafios
A tecnologia BIM chegou ao Brasil em meados dos anos 2000, ganhando força no setor da construção civil a partir de 2010. Porém, foi em 2018 que começaram a surgir importantes marcos regulatórios.
O primeiro deles é o Decreto n° 9.377, de 17 de maio de 2018, que instituiu a Estratégia Nacional de Disseminação do Building Information Modelling. O documento implementou um comitê gestor que seria responsável por medidas importantes como:
- Difusão da metodologia e suas vantagens;
- Estabelecimento de condições favoráveis de investimentos nos setores público e privado;
- Estímulo à capacitação;
- Definição de diretrizes, normas e protocolos para sua utilização.
No ano seguinte, foi a vez do Decreto nº 9.983, de 22 de agosto de 2019. O documento revogou o decreto anterior, instituindo um novo comitê gestor. No entanto, a maior parte dos objetivos e medidas previstas na estratégia anterior foram preservados.
Outro marco importante foi o Decreto n° 10.306, de 2 de abril de 2020, que definiu a utilização do BIM na execução direta e indireta de obras e serviços de engenharia e arquitetura realizados pelo governo federal.
Dessa forma, o sistema deverá ser aplicado nos projetos, na execução e em todo o ciclo de vida da construção, seja em obras novas, reformas, ampliações ou qualquer outro tipo de intervenção.
Desafios
Mesmo com avanços, o Brasil enfrenta desafios para a implementação plena da tecnologia. Além de dificuldades mais facilmente perceptíveis, como falta de mão de obra capacitada e a aquisição de softwares, um dos maiores desafios está relacionado à mentalidade.
No Brasil, é comum que utilizemos a tecnologia pela tecnologia, e não de acordo com a finalidade e as necessidades do processo. Nesse sentido, é preciso entender como modelar processos de acordo com essas necessidades, com as tecnologias e metodologias capazes de entregar os melhores resultados.
Outro obstáculo se refere à interoperabilidade, que é a capacidade de um sistema em se comunicar com outro de forma eficaz e transparente. Para que os modelos utilizados por diferentes projetistas, feitos em diferentes ferramentas, conversem entre si, é necessário que haja uma compatibilização dos projetos BIM. Essa é uma condição básica para aumentar seu alcance e disseminar seu uso e da qual falaremos em outros posts! Para saber mais sobre o assunto, continue acompanhando nossos textos no blog da Certi e, em caso de dúvida, entre em contato conosco.
