Alto consumo e desperdício de energia elétrica são muito comuns na indústria. Por isso, pensar em eficiência energética é essencial não só para reduzir a conta de luz, mas também para garantir o melhor desempenho e vida útil dos equipamentos. Trata-se de uma estratégia que influencia diretamente na parte financeira e nas operações.
Neste artigo, conheça os principais fatores que geram perdas e aumentam o gasto, veja por que é importante adotar ações de eficiência energética na indústria e como fazer o acompanhamento do consumo. Confira!
Gasto energético na indústria: fatores que geram perdas e aumentam o consumo
Muitas indústrias apresentam elevado gasto energético e é comum que sequer tomem conhecimento dos gargalos que podem estar causando desperdício. Um dos vilões da conta de luz na indústria é o baixo fator potência. Esse é um problema frequente no setor e costuma gerar milhares de reais em despesas desnecessárias.
O fator potência nada mais é do que o índice que calcula quanto de energia elétrica foi desperdiçado para manter máquinas e equipamentos em funcionamento. Trata-se de um fenômeno decorrente da operação de máquinas que utilizam motores elétricos, o que gera um excesso de energia reativa e aumenta o desperdício. Assim, para entendermos melhor esse problema, precisamos compreender também o que é energia reativa.
Quando uma empresa coloca seu maquinário em funcionamento, são consumidos dois tipos de energia: a ativa e a reativa. A energia ativa é que que realiza o trabalho de fato, ou seja, o que faz as máquinas funcionarem. Já a energia reativa não realiza trabalho, mas é responsável por gerar o campo eletromagnético necessário para que os motores dos equipamentos entrem em funcionamento.
Isso posto, o fator potência é calculado com base na relação entre a energia ativa e a energia total. Desta forma, quanto maior for o consumo de energia reativa em uma indústria, menor será seu fator potência.
E as consequências da baixa eficiência vão além do alto custo da conta de luz. Empresas que apresentam baixo fator de potência são penalizadas. Assim, quando há consumo excessivo de energia reativa, menor o fator potência e maior a multa.
Outra consequência do baixo fator de potência são os problemas que ele pode gerar para a infraestrutura da empresa, entre eles o aquecimento dos condutores, a queda no aproveitamento dos transformadores, a redução da tensão nas instalações elétricas e a sobrecarga do sistema.
Por fim, existe ainda um outro fator que pode gerar perdas e aumentar o consumo nas indústrias: as harmônicas. A rede elétrica trabalha com um padrão de frequência de 50 ou 60 Hz, taxa ideal para que circuitos em corrente alternada linear operem sem problemas.
Nesse sentido, as harmônicas nada mais são do que perturbações na corrente e tensão causadas pela grande quantidade de aparelhos eletrônicos que nos cercam. Como resultado, essas interferências prejudicam o funcionamento dos equipamentos e a eficiência energética.
As harmônicas podem causar problemas como interferências nas redes de comunicação, sobrecarga na rede, superaquecimento de equipamentos, quedas de fase, aumento de gastos com troca de máquinas e, principalmente, redução do fator potência.
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Por que é importante fazer uso eficiente de energia elétrica na indústria
De acordo com o Manual de Eficiência Energética na Indústria elaborado pela Copel, a indústria que se compromete com o uso adequado e eficiente da energia elétrica garante a melhor utilização das suas instalações e de seus equipamentos elétricos, o que ocasiona uma redução no consumo de energia e, consequentemente, economia dos gastos com eletricidade.
O melhor aproveitamento de energia também proporciona um aumento na produtividade e na qualidade do produto acabado; tudo isso mantendo os níveis de segurança e reduzindo o tempo ocioso das máquinas para reparos e manutenção preventiva.
Como vimos, o uso eficiente de energia também influencia no funcionamento de equipamentos, o que colabora para o aumento da vida útil e para a integridade do maquinário. Isso resulta em mais segurança em relação a acidentes e queima de componentes.
Vale destacar também que, assim como o desperdício pode acarretar em penalidades, uma maior eficiência energética pode trazer benefícios financeiros para a indústria, facilitando a captação de recursos e investimentos e abrindo espaço para isenções e outras vantagens.
Além disso, o uso mais eficiente de energia pela indústria não traz benefícios apenas às próprias empresas, mas também para o país como um todo. Isso porque o melhor aproveitamento no consumo reduz a necessidade de investimentos para a construção de novas usinas e redes de transmissão, gerando uma redução dos custos com energia elétrica, uma vez que não há a necessidade de repassar esses gastos ao consumidor.
Outro impacto importante é a redução dos preços de produtos e serviços, já que, assim como o valor dos combustíveis, os gastos com energia elétrica fazem parte de uma série de despesas fixas que ajudam a compor o preço do que consumimos.
Por fim, eficiência energética é sinônimo de segurança energética, com a garantia do fornecimento de energia e do atendimento à demanda da rede, o que reduz o risco de crises a apagões./
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Como fazer acompanhamento e análise da eficiência energética na indústria
Acompanhar o consumo de energia elétrica na indústria é uma medida essencial não apenas para detalhar o quanto a empresa gasta mensalmente para manter suas operações, mas também para verificar a existência de gargalos e identificar ações que ajudem a reduzir essas despesas.
O acompanhamento do consumo pode ser feito, em uma primeira etapa, a partir da análise mensal das faturas, criando uma planilha que permita rastrear sua evolução ao longo dos meses. Nesse sentido, é importante que essa análise seja conduzida por áreas técnicas da empresa, e não fique a cargo apenas dos setores administrativos.
Para que essa análise resulte, de fato, em medidas efetivas para a redução das despesas, é necessário que haja conhecimento de toda a legislação que regulamenta o fornecimento de energia elétrica na região em que a empresa está instalada para conhecer as modalidades de tarifa, os parâmetros da concessionária e as possíveis punições e vantagens oferecidas.
Caso o acompanhamento mensal das faturas não seja capaz de identificar possíveis gargalos e de fornecer informações suficientes à discriminação de consumo de cada equipamento, a empresa pode lançar mão de um monitoramento mais frequente – semanal, diário ou até mesmo em tempo real.
Para empresas de grande porte, é interessante contar com medidores individuais para locais específicos, separando-os em diferentes instalações. Em uma parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), a CERTI trabalha no desenvolvimento de uma plataforma para eficiência energética que vai auxiliar a indústria a acompanhar e avaliar o consumo em suas instalações.
Os dados coletados por um medidor são enviados para uma plataforma que, após analisá-los, traz indicadores de eficiência energética. A análise é feita em cima de medições que permitem identificar, por exemplo, o custo de energia que cada máquina gera. Dentre os principais indicadores apontados pela solução, destacam-se:
- Acompanhamento da demanda contratada;
- Custo da energia acumulada mensal ou diária;
- Desequilíbrio de tensão;
- Distorção Harmônica;
- Fator de potência;
- Quantidade de consumo atrelado à produção;
- Quantidade de consumo não atrelado à produção;
- Quantidade de consumo por equipamento;
- Total de horas de jornada de trabalho.
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