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Inovação em saúde: diagnóstico de doenças tropicais

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Doenças tropicais são alvo de constante preocupação de autoridades e pesquisadores, que buscam nas propostas de inovação em saúde novas formas para combatê-las. Tanto que algumas ações para diminuir a incidência desses casos têm surtido efeito. O Amapá, por exemplo, anunciou este ano uma redução de 11% nos casos de infectados por malária. Já a incidência da doença de Chagas aumentou 216% em 2016 no Acre. Mas, por que ainda não conseguimos avançar para a erradicação dessas doenças?

Uma das grandes barreiras é a centralização dos recursos para um diagnóstico eficaz. Isso acontece porque muitas pessoas têm dificuldades no acesso a centros de saúde ou, quando têm, estes muitas vezes carecem de processos e equipamentos para testes de determinadas doenças. Por esse motivo, é fundamental a criação de mecanismos de inovação em saúde que permitam um diagnóstico rápido, simples, descentralizado e que atendam a quem realmente precisa.

O que é o PodiTrodi?

Para enfrentar este desafio, a Certi desenvolveu e tem aprimorado o PodiTrodi, um equipamento portátil que permite o diagnóstico rápido de doenças tropicais, inicialmente voltado para diagnóstico da doença de Chagas. O aparelho foi desenvolvido em parceria com pesquisadores da Unicamp, do CTI Renato Archer, da Fundação Oswaldo Cruz (através do Instituto de Biologia Molecular do Paraná, IBMP), da UFPR, do Instituto Fraunhofer ENAS e outras sete instituições e empresas europeias. As pesquisas começaram em 2009, financiadas pelo CNPq e pelo Programa FP7, no âmbito do Acordo de Cooperação Técnica e Científica Brasil-União Europeia.O objetivo do projeto foi o de embarcar a tecnologia de diagnóstico molecular, que antes ficava restrita aos laboratórios de análises clínicas, em aparelhos portáteis que cheguem ao ponto de atendimento (PoC, abreviado do inglês point of care).

A vantagem dessa inovação em saúde é a rapidez e a precisão dos resultados. Em postos de saúde e consultórios médicos, pode ser uma importante ferramenta para diagnóstico ágil e para encaminhar da melhor forma o tratamento. Além disso, o equipamento é portátil, podendo ser transportado por agentes de saúde em uma mochila, por exemplo, e levado a áreas com grande incidência da doença, mesmo aquelas afastadas dos pontos de atendimento.

Segundo artigo publicado no site da organização Médicos sem Fronteiras, a maior barreira para o tratamento da doença é o fato de que ela não apresenta sintomas durante a fase aguda, quando o tratamento tem quase 100% de chances de cura. “A manifestação dos sintomas pode ocorrer muitos anos depois, como um problema de coração, em 30% dos infectados, ou do sistema digestivo, em 10% dos casos”, diz o artigo. É por isso que exames de rotina, com diagnóstico rápido em locais de risco, é essencial.

Como funciona?

Os  aparelhos tradicionais para testes moleculares são aparelhos de bancada, grandes e dispendiosos. O PodiTrodi, além de portátil, tem custo bem mais acessível. O teste é realizado em cartuchos descartáveis onde é inserido o material (uma amostra de sangue) e que custam cerca de 10 dólares por exame. A inovação em saúde promovida pelos pesquisadores é possível porque combina, em um único cartucho, um imunoensaio cromatográfico e um teste molecular por reação em cadeia de polimerase (em inglês, polimerase chain reaction – PCR).

Tudo acontece em tempo real, com o objetivo de identificar a presença do parasita Trypanosoma Cruzi tanto na fase aguda inicial de infecção, quanto na fase de infecção crônica. O projeto produziu protótipos do aparelho e do cartucho a serem usados em testes de validação. A expectativa é que, em um futuro próximo, seja concluído o desenvolvimento de um produto comercial que possa ser efetivamente usado como ferramenta de erradicação da doença de Chagas.

O cartucho descartável pode ser modificado, usando reagentes específicos para doenças tais como dengue, chikungunya e zika, além de outras doenças infecciosas. Desta forma, o aparelho e cartucho constituem uma plataforma versátil para teste diagnóstico no ponto de atendimento, que pode ser adaptada conforme as necessidades do sistema de saúde local e para resposta rápida ao surgimento de novas epidemias.

 

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