Para responder a essa questão, vamos fazer um resgate histórico sobre o mercado. A partir da década de 70, com o fim da popularmente chamada “era de ouro” do capitalismo e o desequilíbrio entre o mercado, o estado e a sociedade, as indústrias passaram a promover mudanças internas significativas. O objetivo era que se tornassem mais competitivas, flexíveis e empreendedoras.
Esse movimento gerou a descentralização da gestão por meio da criação de filiais, inclusive em outros países. Chamamos este movimento de internacionalização, onde a organização em redes de fornecedores ou com parceiros – que são frutos globalização e foram favorecidos pela otimização dos gastos de transação – foi motivada ainda mais com a evolução das tecnologias de informação e comunicação – TICs.
Estimuladas por esse momento do mercado, diversas empresas desmontaram sua estrutura metrológica, buscando redução de custos e focando os esforços da sua equipe em suas competências essenciais. Ou seja, nesse período foi estimulada a terceirização da metrologia. Mas será que isso sempre é vantajoso? Nesse artigo vamos entender como podemos tomar a decisão mais assertiva entre: terceirizar ou manter um laboratório de metrologia.
Competências essenciais não podem ser perdidas
A dúvida que envolve a terceirização pode ser sanada com análise e experiência. Em parte das vezes, terceirizar não é uma solução errada. Porém, o desmonte da metrologia traz, com o tempo, consequências também nos produtos desenvolvidos e produzidos pelas empresas, quando a competência metrológica não se mantém internalizada. Essa situação é percebida quando o próprio conceito de competência essencial (aquelas que atribuem vantagens competitivas, geram valor distintivo percebido pelos clientes e são difíceis de serem imitadas pela concorrência) confunde-se com a necessidade de absorção de tecnologias pré-competitivas.
É certo que a tecnologia exigida para a metrologia é cara: não apresenta necessidades de uso contínuo de equipamentos; exige ambientes controlados e capacitação diferenciada de pessoal. Porém há um ponto onde a economicidade em criar uma estrutura laboratorial pode ser comprovada: tornando a criação e manutenção de um laboratório de metrologia sustentável às organizações.
Somente com essa estrutura criada, a metrologia torna a atuar em vertentes além da garantia da qualidade e segurança dos produtos, mas também nas fases de desenvolvimento de produto e no controle e melhoria de processos.
Adoção de decisões metrológicas assertivas
Para que a empresa tenha sustentabilidade no longo prazo é preciso tomar decisões metrológicas certas, que agreguem competitividade e potencializem o seu crescimento. Para auxiliar nesse momento, aqui na CERTI propomos um método de quatro passos para análise da definição de quais serviços metrológicos podem ser internalizados. Vamos explicar a seguir:
1º passo: Analisar seus sistemas de medição
Primeiro, deve-se analisar quais meios de medição deverão ser calibrados e as tarefas metrológicas que são normalmente terceirizadas. As terceirizações devem ser somadas aos custos de logística, comparando-os frente aos custos de criar e manter um laboratório de metrologia, como falamos aqui. Essa conta traz uma linha de corte e todos os serviços que compensarem devem ser internalizados.
É importante considerar que a infraestrutura ambiental pode servir para diversas operações metrológicas!
2º passo: Montar sua matriz de decisão
O segundo ponto consiste em criar uma matriz de decisão para demais serviços metrológicos visualizados, considerando critérios conforme tabela abaixo. Devem-se criar escalas e atribuir notas e pesos a esses critérios, avaliando-os um a um.
Um exemplo de escala por ser visto abaixo, inclusive com critérios subjetivos:
Uma aplicação da matriz pode ser considerada abaixo simplificadamente:
3º passo: Implantar algumas definições
Após avaliar a sua matriz de decisão o ideal é executar alguns dos serviços listados como mais sustentáveis para a organização.
4º passo: Otimizar sua metrologia
E por fim, como em qualquer ciclo de qualidade deve-se buscar a otimização e expansão progressiva dos serviços metrológicos, criando valor em todas as áreas da empresa e todo o ciclo do produto.
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Como decidir se terceirizar ou não um laboratório de metrologia?
Adotando a matriz de decisão proposta para o exemplo acima, a indústria analisada pode internalizar de maneira mais segura os “serviços 1 e 2” e deve analisar a possibilidade da internalização do “serviço n”, visto sua importância na resolução de dúvidas e os problemas para conseguir serviços terceirizados rapidamente.
É certo de que o assunto não finaliza com a proposta, é notável que a sustentabilidade de um investimento em infraestrutura metrológica para a empresa deva sair do contexto da sustentabilidade econômica simplesmente pela diferença entre o que seria gasto com a manutenção de um laboratório versus o que é gasto com a terceirização das calibrações e medições.
Com essa visão, a internalização da competência metrológica pode trazer toda uma mudança de direcionamentos e perspectivas para a empresa. Se nos perguntam se vale mesmo a pena montar um laboratório interno, a resposta geralmente é SIM! A provocação maior é que, por outro lado, também vale a pena terceirizar a estrutura metrológica.
Nós da CERTI, com a experiência de mais de 30 anos atuando no setor de metrologia, podemos lhe auxiliar com essa análise qualitativa e quantitativa sobre o quê terceirizar e o que internalizar. Entre em contato: [email protected]