A preservação da floresta amazônica e a transição para uma economia verde de baixo carbono nas cadeias produtivas locais passa, invariavelmente, pela inovação. E, nesse sentido, o incentivo ao empreendedorismo, por meio da criação de startups, e a conexão dessas empresas com mercados mais maduros é essencial.
Neste artigo, entenda a economia da floresta em pé, veja por que é preciso incentivar as startups na Amazônia e as ações para fortalecer o ecossistema de inovação da região.
O efeito açaí e a economia de floresta em pé
A bioeconomia surge como protagonista da promoção de um novo modelo de produção que se baseia em soluções mais sustentáveis e em relações equilibradas entre o desenvolvimento econômico e a preservação ambiental.
No contexto atual, em que esses temas estão no centro das discussões sobre o futuro do planeta, o potencial de negócios da bioeconomia na região amazônica é tão grande quanto a própria floresta. Para isso, no entanto, é preciso conectar talentos, empresas e mercado com as potencialidades do bioma, de modo a incentivar a inovação sustentável no território.
A exemplo do que aconteceu com o açaí, a bioeconomia amazônica tem o potencial de criar muitos outros cases de sucesso por meio da conexão do empreendedorismo local às cadeias produtivas.
A fruta, que até pouco tempo era desconhecida, hoje é encontrada em praticamente todo o mundo, como mais um produto típico da região. Isso só foi possível devido à possibilidade de produtores locais se conectarem aos mercados globais, o que permitiu o aperfeiçoamento da produção e do processamento do açaí por meio do investimento em ciência e tecnologia.
E para que outros produtos amazônicos possam seguir esse exemplo é importante entender o papel das startups como agentes inovadores na região. Para tornar os produtos florestais mais competitivos, é preciso promover a inovação em escala. Isso passa por fortalecer um ecossistema de inovação que impulsiona soluções com impactos socioambiental e econômico positivo.
Atuando como elos intermediários das cadeias produtivas, as startups ajudam a reduzir dependências, superar desafios e promover a competitividade da floresta em pé como forma de agregar valor localmente e conectar-se com as cadeias globais.
A distribuição do valor criado só chegará à floresta por meio da inclusão produtiva justa das comunidades extrativistas em cadeias inovadoras diversificadas promovidas pelas startups e pelo estabelecimento de condicionantes de conservação para integração às oportunidades de negócios.
Startups na Amazônia: por que é preciso incentivar
Um dos grandes problemas detectados na região amazônica no que se refere à criação de um ecossistema de inovação se dá pela falta de organização da cadeia.
Em oposição ao número e à diversidade de players com grande potencial na Amazônia, há uma baixa conexão entre esses atores. Isso faz com que haja uma lacuna entre a demanda e a oferta, o que impacta negativamente na geração de valor para as comunidades locais.
Um levantamento feito pela Fundação CERTI mostra que, atualmente, há mais de 80 instituições na Amazônia que desenvolvem mais de 2 mil linhas de pesquisa associadas a produtos e tecnologias com potencial para gerar valor a partir da biodiversidade.
No entanto, é preciso que esse conhecimento seja transformado em empreendimentos inovadores capazes de gerar riqueza e, ao mesmo tempo, proteger a floresta.
O mesmo levantamento identificou que apenas 46 startups de bioeconomia surgiram na região entre 2015 e 2018. Porém, a dispersão dos diferentes stakeholders e a falta de oportunidade para conseguir atrair investimentos e se conectar ao mercado refletem-se na baixa eficiência dessas iniciativas.
O objetivo de contribuir para a conservação da floresta a partir do empreendedorismo inovador requer uma escala muito maior do processo de criação de startups nos estados amazônicos, com maiores taxas de sucesso, velocidade de crescimento e impacto socioambiental e econômico.
Para isso, é fundamental promover a sinergia entre os mecanismos de originação, aceleradoras e incubadoras, bem como fortalecê-los e torná-los competitivos para atuar de forma sistêmica, otimizando os processos.
Ações para fortalecer o ecossistema de inovação na amazônia
Originar novos negócios
A originação de novos empreendimentos em bioeconomia em escala é chave para que se alcance um ecossistema de inovação relevante na Amazônia brasileira. Sem novas empresas surgindo, não há escala para promover as mudanças pretendidas.
É necessário, portanto, estimular o surgimento de novos empreendimentos capazes de gerar valor para a floresta conservada, transformando a realidade amazônica a partir de novos produtos e processos.
O desafio de criar novas soluções e empreendimentos mobiliza talentos e conhecimento locais. Isso acaba por deixar um legado que vai além da criação das startups, consolidando a cultura da inovação e do empreendedorismo na região.
Acelerar startups
O processo de aceleração visa encurtar o caminho para que os novos empreendimentos atinjam o mercado mais rapidamente. Essa medida é fundamental para aumentar as chances de sucesso em escala de startups mais promissoras.
Esse atalho até o mercado pode se dar por meio da aproximação de stakeholders do ecossistema amazônico com os de um ecossistema mais maduro, o que favorece o aprendizado mútuo. As conexões entre esses players são direcionadas para promover novas oportunidades na cadeia da economia sustentável, gerando benefícios para a conservação florestal.
A ideia é elevar o nível de maturidade das startups locais e promover o suporte e as conexões necessárias para aumentar a competitividade do ecossistema local.
A Fundação CERTI atua como idealizadora e coordenadora da Jornada Amazônia, uma iniciativa de fomento ao empreendedorismo na região amazônica, que busca ativar o ecossistema de inovação das cadeias produtivas sustentáveis locais. Para saber mais, confira nosso conteúdo sobre inovação na Amazônia e entenda por que é necessário incentivar o empreendedorismo e a inovação na região.