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TRL – Conheça o framework de avaliação da maturidade de tecnologias para atingir a inovação em seus negócios

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Você imagina quanto valeria o desenvolvimento seguro de um produto? Veja um exemplo: em 2016, a GM gastou 4,1 bilhões de dólares pelo recall de 23 milhões de veículos nos EUA, segundo relatório da Alix Partners. Ainda que sejam utilizadas técnicas avançadas de gerenciamento de projeto, um desafio persistente nas empresas que desenvolvem produtos é encontrar o balanço ideal desse desenvolvimento frente aos prazos para lançamento e orçamentos disponíveis. Neste momento, ferramentas para a análise de maturidade de tecnologias, como a TRL, podem ser grandes aliadas!

Foi em 1974 que a NASA, enfrentando este mesmo desafio, desenvolveu sua primeira escala de maturidade (ou prontidão, caso traduzido diretamente) tecnológica: o Technology Readiness Level (TRL). O objetivo era desenvolver uma padronização de entregas que indicassem, com evidências objetivas, quão prontas suas tecnologias estavam para a aplicação final.

Expansão da ideia da TRL pelo mundo

A prática  do TRL como padronização das entregas foi muito bem recebida, sendo adotada mundialmente e expandida a uma variedade de setores, até que a norma ISO 16290: 2013 consolidou a aplicação em níveis formais. Posteriormente, chegou ao Brasil sua adaptação, com a norma NBR ISO 16290: 2015, cujos níveis estão descritos abaixo.

Fonte: Astrimar

Os níveis de TRL acima apresentados são usualmente agrupados, visando sua utilização e o melhor entendimento dos estágios e transição entre eles, as quais muitas vezes não estão bem definidas. A figura abaixo mostra uma divisão do TRL em 5 grupos, diretamente relacionados ao ciclo de vida e ao custo de um projeto de inovação tecnológica:

  • Pesquisa básica;
  • Pesquisa aplicada;
  • Desenvolvimento experimental;
  • Industrialização;
  • Produção e comercialização.

Fonte: ABGI Brasil

Vale destacar, contudo, que o desenvolvimento de um projeto não necessariamente passa por todas essas fases quando temos uma decisão por uma empresa. Alguns projetos que envolvem melhorias de produtos e processos, por exemplo, partem de conhecimentos existentes e, portanto, podem iniciar em fases posteriores, como o desenvolvimento experimental, por exemplo.

Adaptação do TRL para diferentes setores industriais

Devido à importância percebida em se galgar fases e maturidade no desenvolvimento tecnológico, o uso de escalas de TRL se expandiu para os mais diversos setores da indústria, como óleo e gás, energias renováveis e defesa. Para atender às peculiaridades das tecnologias em setores específicos, foram realizados estudos interpretativos da metodologia, criando adaptações ou adequações específicas, como exemplo o surgimento da escala MRL (Manufacturing Readiness Levels), que está relacionada com o nível de maturidade tecnológica para o processo de manufatura, ou o STRL (Software Technology Readiness Level), que está relacionado com o desenvolvimento de softwares.

Setorialmente, como para o óleo e gás por exemplo, tem-se a escala de TRL recomendada pela API RP 17Q em conjunto com a ISO 20815, com 7 níveis conforme visualizado na figura a seguir. 

Fonte: Astrimar

TRL como ferramenta de P&D&I

Não importando, neste momento, a escala que está sendo utilizada, podemos afirmar que vantagens são claras para gestão de progressos no P&D+I e no apoio à tomada de decisões, destacando-se aspectos como:

  • Comparação nos estágios atuais das tecnologias;
  • Gerenciamento de riscos;
  • Alinhamento entre equipe de desenvolvimento e de vendas;
  • Tomada de decisões relacionadas aos investimentos e esforços por etapa de desenvolvimento.

Tomar decisões no tempo certo quanto a perseverar em um desenvolvimento tecnológico influenciará diretamente no custo do projeto. Também, rodar todos os testes necessários para se afirmar que uma tecnologia é “madura” antes de colocar no mercado significa preservar a imagem da empresa. Isso pode ser entendido melhor no tradicional gráfico de “custos de mudança no produto”, onde o projeto pode ter influência em 70% dos custos do ciclo de vida, embora represente apenas 5% do orçamento final. (Huthwaite, 1992). 

Ainda, em se tratando da importância do uso do TRL, os níveis de maturidade tecnológica vêm sendo amplamente utilizados para justificar a captação de recursos financeiros públicos e privados pelas equipes de P&D+I. Atualmente, há uma tendência das agências de fomento em utilizarem o TRL para avaliar a relevância de uma tecnologia, podendo-se estimar o potencial do projeto ou a curva de investimentos necessários.

Como exemplo, a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial – EMBRAPII – apoia projetos de P&D+I que se enquadram aos níveis de maturidade tecnológica de 3 a 6, conforme seu Manual de Operações, o que pode envolver as etapas de prova de conceito, validação de tecnologias em ambiente de laboratório, validação de tecnologias em ambiente relevante ou demonstração de tecnologia, modelo, sistema/subsistema em escala de produção.

Durante nossa pesquisa, percebemos que simplesmente tentar encaixar os projetos na descrição de cada nível de maturidade não era suficiente. A subjetividade dessa forma de avaliação remove todos os benefícios do uso do TRL e, por isso, é importante ter um sistema de avaliação mais objetivo.


Considerando a importância do TRL para o  desenvolvimento de tecnologias e o contexto de inovação no qual a Fundação CERTI se insere, desenvolvemos, em conjunto com o NEO Empresarial, uma estrutura de avaliação de maturidade tecnológica (TRA) mais precisa e confiável.

Quer saber mais sobre o TRL e suas aplicações? Acesse nosso Guia Prático do TRL.

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